segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Xadrez

Às vezes, a rainha negra, acaba por encontrar-se envolvida em problemas de peças brancas, dos quais jamais imaginou participar...
Percebe que ela coloca seu próprio rei em xeque
E então corre para o lado oposto do tabuleiro, desejando ser uma torre branca, sem desvios pelo caminho.
Deseja encontrar alguma peça adversária que cesse seu pensar.
Que permita que ela simplesmente se deite ao lado do tabuleiro e não precise decidir o movimento seguinte.
Deseja não ter tido tantas opções de movimentos
Deseja não ter movimento nenhum.
Ela vê o preto no branco, apenas enxerga um cinza gritante
E simplesmente já não consegue mover
Agora está nas mãos da rainha
Ela percebe: É matar, ou morrer

[CONTINUA...ATÉ QUE ALGUÉM DECLARE XEQUE e  MATE]

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Lord

[DE PARTES DE CONVERSAS DE PARTES DA GENTE]

-Eu to é querendo sair correndo e gritando

-Sabe que somos dois.
Apesar de no momento eu não estar com essa vontade.
Ela bate a noite.
Antes de dormir...

-A minha bate e não sai
Acho que não vai embora enquanto eu não abrir a porta, deixar ela entrar...
E sair.

-Beco sem saída?

-Todo beco tem saída
O problema é que quase sempre...
É a entrada

-Ou seja, enfrentar o que te colocou ali.

 -Pois é
Mas eu sou tão covarde...
Que é capaz de aprender a voar...

-O que te colocou ai?

-Sabe oq é o pior de tudo?
Fui eu.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paralelas

Um e outro andavam lado a lado
Percorriam caminhos paralelos e quase sempre se davam as mãos
Às vezes olhavam para lados opostos, enxergando a paisagem pela qual passavam sozinhos
E, ainda que o outro tentasse enxergá-la, era parcialmente coberta pelo corpo do um
A paisagem de um ia se modificando, tornando a reta vacilante
Às vezes pontilhada de sonhos, realidade, felicidades e angústias
E o outro via apenas gotas
E sentia vontade de abrir o guarda chuva
Mas só chovia nos olhos do um
O outro decidia tentar borrar-se em chuva alheia
Que o um decidia guardar para si
Seguiriam sempre em vidas paralelas
Que caminham lado a lado e nunca se cruzam...


[Certa vez alguém disse que
Retas são pedaços de círculos gigantes...
Talvez Paralelas, sejam pedaços de condição...
Talvez o agora seja pedaço de antes...
E talvez o futuro seja pedaço intersecção]

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Do Voo III

[Da peça]

-Para voar basta ter asas
-Esse é o problema...
-Voar?
-Ter asas. Eu não tenho asas
-É claro que tem... Só nunca aprendeu a usá-las
-E você vai me ensinar?
-Não
-Não?
-Ninguém pode lhe  ensinar a usar suas próprias asas, você é quem precisa parar de podá-las, precisa soltar as amarras nas quais as prendeu por tanto tempo. E eu só posso te ajudar a desatar os nós.
-Como?

Ele olha para o céu

-O que você vê?
-Nuvens
-De que tipo?
-Cúmulos e nimbos, eu acho.
-Eu vejo do tipo animal.
-Animal?
-É. Veja: um cachorrinho ali, e ali um coelhinho de longas orelhas felpudas.
-Coelhinho?
-É. Venha ver mais de perto.

Ele a leva pela mão.
As nuvens agora estão na altura de seus pés
Ele se abaixa acariciando uma nuvem

-E então?
-O que?
-Você fica brincando com nuvens e eu fico aqui olhando a loucura transbordar-lhe dos olhos, dos braços, das pernas...
-Das asas?
-Que asas? Você não tem asas!!!
-Claro que tenho.
-Quais?
-As da imaginação! Você precisa soltar as suas.
-Ah! Mas eu não tenho isso! E não quero mais tentar
-Quer ir embora?
-Quero...
-Vá!
-Mas...Então me ajuda a descer!!!
-Descer de onde?
-Do céu...
-Acha que estamos no céu?
-É claro que estamos no céu!

-[...]

-E ENTÃO?
-Então eu acho que já pode descer com suas próprias asas...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ana

 Inconscientemente cobria os olhos e, quando lhe perguntavam sobre as cores, dizia que só havia uma: escuridão.
 Aos poucos foi afastando os dedos que trazia sobre os olhos, e enxergou uma luz surgindo ao longe, as escalas de cinza no céu e a pureza branca das nuvens...
 Ela enxergava em preto e branco a tanto tempo, que quase não conseguiu ver as cores pastéis que timidamente surgiram quando finalmente libertou-se das amarras em que lhe prendiam...
 Um dia...
 Quando já havia se acostumado com as escalas de cinza e bege que iam surgindo, esbarrou numa palheta inteira de cores.
 A princípio cobriu os olhos novamente- as cores incomodavam o olhar acostumado a cor nenhuma- Mas a mesma intensidade que a assustava a atraía
 De repente já não se importava de lambuzar-se em cores de uma palheta alheia, que trazia um colorido, que ela jamais conseguiu imaginar no mundo antigo.
 E agora...
 O branco das nuvens que luziam no velho céu desbotado e sem cor, ganharam o contraste no azul de um novo olhar...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Entre Aspas XVII


[O PEQUENO PRÍNCIPE]
"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos."

[AMANHECER]
"Eu Tenho Cara De Quê? Mágico de Oz?
Você Precisa de um Cérebro? Precisa de um Coração? Pode Vir.
Pegue o Meu. Leve Tudo o Que Tenho"

[O MÁGICO DE OZ]
"E você, meu amigo galvanizado, você quer um coração. Você não sabe o quão sortudo és por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem..."

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mosaico de lárgimas

[SOBRE COMO ESTRELAS VIRAM ESTRELAS]

Elas estavam sentadas no alto daquele prédio onde apenas as estrelas conseguiam estar sobre elas


-O que você acha delas?
-Elas quem ?
-As estrelas
-Bem, eu gosto de observá-las, me passam uma sensação de mágica... tenho vontade de tocá-las
-E pensar que o brilho das estrelas leva pelo menos trinta anos pra chegar até a Terra...
-Então quando olhamos pra uma estrela... Ela pode nem existir mais?
-Quando olhamos o céu estrelado...Estamos olhando para o passado
-Estrelas são o passado?

-É, eu gostaria de tocar uma estrela
-Você pode tocá-la no presente, antes que vire uma estrela...
-Já não seria a mesma coisa...
-Eu sei... Mas talvez você possa impedí-la de brilhar no céu.
-E pra que a impediria de brilhar ? Talvez ela já tenha nascido pra isso...
-Na verdade todo o brilho que te deixa tão feliz nasceu da tristeza
-Por que diz isso ?
-Porque cada vez que uma lágrima toca o chão, ela vira uma estrela brilhante no céu
-Agora sim o céu me deixa triste....
-Acho que o céu é o encontro da beleza na tristeza
-Eu nunca pensei que a tristeza pudesse ser tão linda assim, acho que é nosso único conforto.
-É...
-E você ? Como se sente olhando pra elas? Também tem vontade de tocá-las ?
-Não. Já toquei as que deveriam ser tocadas, antes que caíssem. Agora acho que estão exatamente onde devem estar.
-Mas se você as tocou, elas jamais caíram.
-Eu disse que as toquei, não que as enxuguei. É impossível mudar o destino de uma estrela depois que ela escorre do seu olhar...

  Elas ficam em silêncio

-Você disse que acha que elas estão exatamente onde deveriam estar...
-Disse.
-E onde elas deveriam estar?
-Em busca do seu lugar no quadro dos céus, feito de tantas outras lágrimas encaixadas por tantas outras... "nós"!



quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Antes que se fechem os olhos III

Quando chega a noite e me enfio entre cobertores de gelo, minha mente voa para além das geleiras do tempo, de encontro ao calor que seu corpo me traz...
E então me vejo, da maneira como eu gostaria que seus olhos me vissem, tão diferente do reflexo no espelho. Nós sempre nos estamos reencontrando, com o vento batendo e bagunçando meus cabelos.Você se aproxima com aquele meu sorriso favorito brincando no canto da boca, segura aquela mecha insistente atrás da minha orelha e diz: "tenho pensado tanto em você".
É sempre nessa parte que eu abro os olhos, porque quase posso sentir seu perfume.
Quando consigo voltar aos pensamentos de antes, aquela eu, tão incrível dos sonhos consegue respirar de forma tranquila como, provavelmente, a eu real jamais saberia fazer. E meu corpo real, de fato treme debaixo das cobertas, como tremeria se você o dissesse, e solto uma gargalhada que ecoa pela silêncio da madrugada... Mas a eu dos sonhos apenas lhe olha nos olhos como se você estivesse dizendo algo que ela sempre soube, ela lhe sorri e você a abraça. E então me perco toda ao seu toque e digo todas as coisas que pensei quando estivemos longe.
[Você jamais sai do meu pensamento real ou imaginário.]
E é nesse momento que eu abro os olhos e me pego agarrada num bicho de pelúcia que não lembro ter colocado na cama. Envergonhada de mim mesma, imaginando sua reação se estivesse ali, eu peço... Peço proteção a você, peço que sua noite seja maravilhosa e seu dia incrível. Lembro das tantas coisas que nunca acreditei antes de você: De contos de fadas a almas gêmeas...E antes que Morfeu me carregue, peço para que nada mude, para que eu jamais precise reencontrá-lo, porque jamais nos desencontraremos...
Eu nunca acreditei em anjos... Mas todas as noites peço ao meu que te proteja.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dessa estação...

-Mas o que muda quando ela chega?
-Tudo muda.
-Tudo?
-Tudo.
-Por exemplo...?
-Os lugares ficam mais bonitos
-E isso é importante?
-Claro. A gente sente na pele as mudanças!
-Ah...
-As pessoas ficam mais bonitas também.
-Você sempre diz que beleza não é tudo...
-E não é.
-Então o que mais?
-Eu já te disse. Muda tudo.
-Por que?
-Porque as pessoas sentem a diferença no clima...
-Ah! Fica mais quente?
-Não esse clima...
-Não?
-Bom, esse também...Mas o que importa é o clima entre as pessoas.
-E não é o mesmo?
-Não.
-Então como?
-As pessoas ficam diferentes umas com as outras.
-Diferentes?
-É, ficam mais amáveis.
-Elas param de se machucar?
-Bom...
-E param de fazer guerras e de tentar matar o mundo?
-Na verdade não, mas...
-Então...PRA QUE É QUE A PRIMAVERA VEM?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Da direção...

-A Rua das Flores, por favor?
-Próxima à esquerda, depois terceira à direita.
-Obrigada.
-Disponha.
(...)
-É...
-Mais alguma coisa?
-A felicidade, por favor?

domingo, 12 de setembro de 2010

Do frio I

Sentada na velha escadaria da já conhecida praça, observo:
Ternos apagados pregam sua apagada crença
Bancos se tronam cada vez mais vazios
Observo, na já conhecida escadaria da velha praça, sentada:
O sino chora oito grandes lágrimas de ferro
Os ponteiros se arrastam pelos números de cobre antigo
Na praça da escadaria velha, observo, já conhecida sentada:
As pessoas abraçadas, movem-se em passadas rápidas
As árvores, agora nuas, balançam no ritmo do vento
Da escadaria, velha conhecida, já observo na praça, sentada:
Memórias de chuvas longínquas
Calor de abraço distante
Já velha, na conhecida escadaria da praça, observo sentada:
Olhos que nunca foram seus
Beijos que jamais serão meus...

E de repente, faz tanto frio...

Das mãos...

-Percebi que o cérebro não é o principal órgão do corpo
-Não mesmo. É o coração.
-Também não...
-Então qual?
-As mãos...
-As mãos?
-É.
-Mas sem o coração o sangue não fluiria e..
-Fluiria... As mãos comandam o sangue, todo o pulsar. Perceba: No cinema, quando as mãos se tocam, o coração dispara, bombeando o sangue da maneira certa, ou quando elas apalpam a pele desejosa por carne...
-Mas..
-Quando se entrelaçam os dedos...
-Tá. Pode ser, mas o cérebro é quem manda que elas ajam
-Não.
-Não?
-Foi por isso que percebi que não é o cérebro que comanda o corpo todo...
-Como assim?
-Meu cérebro diz que é a coisa errada, que eu vou sofrer muito...E mesmo assim...
-Mesmo assim...?
-As mãos insistem em discar um número que não quer ouvir minha voz...

Penélope II

E então ele deixou seus braços caírem soltos ao lado do corpo, virou as costas e começou a se afastar
Ela correu até ele, chamando
Ele se virou

-O que foi?
-Não vá ainda...
-Por que?
-É que...Eu queria dizer que eu me diverti muito hoje! Eu sempre me sinto tão bem ao seu lado...Mesmo que fiquemos apenas conversando por essas poucas horas, sempre parece que foram as melhores horas da minha vida. Eu posso enxergar todas as cores do arco-íris...E algumas que o arco-íris nem conhece.

Ele sorri aquele sorriso a que ela nunca foi capaz de resistir

-Eu espero que você volte amanhã...
-É claro que eu voltarei, de agora em diante eu estarei sempre aqui!
-Mesmo?
-É. Eu gosto mesmo de você, não percebe?
-Eu... Mas... E... Ela...Você...E...?
-Chega. Agora somos apenas você e eu. Esses momentos foram os mais felizes para você não foram? Para mim também. é hora de esquecer os anos em que estive com a pessoa errada.
-Mas vocês se amam.
-E quem se importa? Eu não consigo ficar longe de você. Você me faz bem.
-Você também... Eu me sinto a pessoa mais feliz de todo o mundo ao seu lado. E cada vez que nos despedimos é como se fosse meu último momento de felicidade.

Ela abriu os olhos, a cena toda se desfez, ainda estava dentro do abraço dele.
E então ele deixou seus braços caírem soltos ao lado do corpo, virou as costas e começou a se afastar
Ela correu até ele, chamando
Ele se virou

-O que foi?
-Não vá ainda...
-Por que?
-É que...
-O que?
-Eu...É...Deixou cair um cílio!
-Um cílio?
-É... Faça um pedido

Eles juntam os dedos
Ela deseja com toda força
Ele ganha
Ela começa a se afastar
Ele chama
Ela olha
Ele a abraça com toda sua força, vira-se e começa a se afastar
Ela fala baixinho

-É que...Eu queria dizer que eu me diverti muito hoje (...) Eu espero que você volte amanhã...


Da queda

Estava entre areia e pedregulhos.
O vestido branco e os cabelos negros esvoaçavam, a água que respingava moldava a silhueta de seu corpo.
A cabeça apoiava-se nos joelhos enquanto observava o oceano abaixo de si, imaginando...

Ele se aproxima em silêncio
Ela prefere fingir que o som das ondas batendo nas pedras era mais alto que o dos passos dele
Ele toca-lhe o ombro direito
Ela fecha os olhos e deixa cair a lágrima que tentava segurar dentro das pálpebras abertas
Ele abaixa-se a seu lado e levanta sua cabeça com delicadeza
Ela lhe olha fundo nos olhos
Ele aproxima-se para beijá-la
Ela esquiva-se e corre na direção oposta
Ele não entende e corre de encontro a ela
Ela coloca em sua mão um papel molhado de água salgada
Ele começa a desdobrá-lo
Ela segura a mão dele fechando-a com força em volta do papel
Ele entende, beija-lhe a testa e anda na direção oposta ao precipício em que ela se sentara
Ela volta, devagar, deixando o vento lamber-lhe o rosto, agora completamente salgado e molhado
Ele abre o bilhete enquanto caminha

"Não conseguirei esperar que me desenhem asas,
Chegou a hora de dar um passo em frente
Nos encontraremos no pôr do Sol..."

Ela olha para trás quando ouve os passos apressados entre os pedregulhos
Ele lhe estende a mão, deixando cair uma lágrima
Ela dá um passo a frente, sem tirar os olhos dos dele, deixando o vestido branco esvoaçar feito asas de um novo anjo
Ele sente o rosto molhando-se de água salgada, do mar ou dos olhos...

domingo, 8 de agosto de 2010

DO LIVRO [IV]

“Quando duas pessoas decidem gostar-se a ponto de não conseguirem imaginar-se uma sem a outra, a história que se cria costuma ser incrivelmente bonita. Essa que vivi, é tão perfeitamente narrada, que às vezes acho estar escrevendo um livro dentro de um livro que alguém escreve todos os dias a meu respeito.
Nunca haverá páginas suficientes para narrar, descrever, sequer resumir a importância que temos um na vida do outro. Pelo menos jamais será possível colocar em palavras a importância que ele tem na minha. É uma história sem começo e sem fim. Sem começo porque acredito que a vida nos tenta unir desde que aprendemos a respirar e sem fim porque eu não me lembro da vida antes dele e não conseguiria continuá-la se ele não estivesse comigo.”

Tay

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Da Realidade VI

Ela segura a mão dele e lhe olha nos olhos

-Sabe...

Ele a beija

-Diga
-Esse tempo todo eu procurei por algo sem saber exatamente o que era. Eu deitava no travesseiro antes de dormir, tentando fingir que não faltava nada, mas sempre querendo encontrar algo que preenchesse meus dias vazios. Por toda a minha vida eu busquei algo que me fizesse completa e...
-E...?
-Era você o tempo todo!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Asas de Carvão

 E lá estava ela, olhando novamente o sorriso da Lua por seus olhos fendidos.
 Sorria para a Lua que lhe respondia com o brilho mais intenso que jamais sonhou presenciar um dia.
 Todas as noites ela buscava o sorriso lunar e, em algumas semanas, ele simplesmente deixava de surgir. Mas ela sabia que ele estava lá, escondido por detrás de todo aquele fascinante brilho.
 O tempo passou e a Lua ficou cheia, cheia de brilhar para ela!
 Ela ficou fora de si, não havia mais nenhum motivo para seu próprio sorriso.
 -Iria procurar o sorriso lunar-
 Os deuses resolveram ajudá-la a chegar aos céus e lhe desenharam asas de carvão. Eram fantásticas, negras como sua pelagem e sumiam na escuridão da noite...
 Via-se apenas o brilho de seu olhar.
 Ela voava e o vento lhe lambia a face. O laço em seu pescoço esvoaçava.
 Ela sorria
-A Lua não retirbuía-
 Procurou por todo o céu, perguntou a cada um dos astros, pediu às estrelas cadentes... Mas o sosrriso havia simplesmente deixado de existir. Já estava desistindo, chateada em olhar para a Lua cheia.
 -CLARÃO-
 Uma luz que não vinha da Lua. Era azul e repentina. Um forte barulho veio em seguida.
 A tempestade chegou tão rápido quanto o som, àquela altura do céu.Suas asas se desfizeram na chuva.
 Ela caía.
 Sua queda aconteceu como nos filmes, em câmera lenta.-Ou eram seus pensamentos que estavam rápidos demais-
 Via o sorriso que a Lua lhe dera. Via imagens do que ela foi. Sentia o vento em suas costas, assobiando.Sentia o laço alcançando-lhe a face. Sentia cada uma das gostas de chuva.
 Toda sua vida se passou em sua mente e percebeu que tudo havia sido apenas uma preparação para o sorriso da Lua e os instantes perfeitos que passou observando-o.
 O chão se aproximava devagar, como predador que brinca com a presa.
 Fechou os olhos e, esperando que uma estrela cadente passasse ou que as horas fossem iguais aos minutos, desejou. Desejou que a Lua conseguisse seu sorriso de volta, mesmo que ela jamais pudesse vê-lo novamente. Desejou que a Lua pudesse brilhar como brilhara sempre. Desejou poder ver seu sorriso uma última vez..
 Abriu os olhos e viu o céu. Viu estrelas, viu plantas, viu as cinzas de suas asas.
 As estrelas pareciam sofrer sua perda.
 Seus olhos se encheram de lágrimas ao ver que a Lua não lhe sorrira.
 Ela morreria.

[FINAL 1]
 Seu corpo encontrou a terra molhada. O ar lhe faltou aos pulmões. Olhou para a Lua uma última vez.  Sentiu-se fracassada.
 Ela agora miaria eternamente na Lua.
 Havia encontrado o sorriso: Ele sempre estivera com ela mesma.

[FINAL 2]
 Seu corpo encontrou a terra molhada. O ar lhe faltou aos pulmões. Olhou para a Lua uma última vez.
 Seus olhos se fecharam devagar, tudo ficou branco. Ela viu o sorriso da Lua.
 O sorriso mais triste de todos. Mesmo a Lua sabia que ela não sobreviveria.
 Quando abriu os olhos novamente, percebeu que seu coração voltara ao ritmo normal, sua respiração ainda era ofegante, mas respirava.
 Pensou estar no céu.
 Foi quando alguém lhe disse que havia perdido uma de suas nove vidas...
 Havia ainda outras 8 infinitas vidas para miar para a Lua.
 E então ela percebeu:
 O sorriso da Lua sempre lhe pertenceu.

Tenho pensado em você

Tenho pensado tanto em você.
Meu travesseiro se encharca e eu gosto de não abrir o guarda-chuva, para sentir as gotas borrando meu rosto.
Eu tenho pensado em você enquanto os ponteiros dão voltas e mais voltas ao redor do relógio e tenho pensado, mesmo quando a pilha se acaba e eles param.
Tenho tentado ocupar minha cabeça para não te procurar a cada momento do dia, só pra ouvir sua voz a não me dizer nada importante, mas me fazendo ouvir tudo que realmente importa.
Eu tenho pensado em você enquanto tento não pensar.
E nos meus pensamentos nós nunca brigamos por eu dizer a coisa errada e nunca imagino uma reação que você nunca teve.
Então eu pego o telefone, disco seu número, e antes que comece a tocar, desisto.
Covarde.
Minha voz não resolveria as coisas dessa vez, mas ouvir a sua me faria sorrir.
Disco novamente e desisto mais uma vez.
Você não quer ouvir minha voz e, mesmo que quisesse o que eu diria?
"Tenho pensado em você."
E depois? Quando você risse e se perguntasse "e daí?"
Eu jogo o telefone longe e me concentro em borrar meus olhos de saudade até que o sono me vença.
Acordo confusa no meio da noite.
Você balançou a cabeça, me disse que precisávamos parar
Soltou minha mão e se afastou
Minha voz não saiu. Eu não disse.
Nem mesmo nos sonhos eu uso as palavras certas
Pelo menos eu não uso palavra alguma...
Eu demoro a dormir novamente, imaginando até que ponto você odeia a maneira que ajo, imaginando quanto de mim te faz sofrer.

Eu tenho pensado em você
E na verdade é essa a única coisa em que tenho pensado.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Penélope

Ele atravessou as portas de vidro com aquele sorriso dançando nos lábios.
Seus cabelos balançavam conforme andava no ritmo da música alta...
Procurando
Todas as garotas o olhavam, desejando. Mas ele continuava procurando.
As luzes piscavam, a música era alta e agitada.
Foi quando ele a viu.
Parou absorto quando viu como ela estava linda.
Charmosa como sempre.
Os cabelos caiam lisos pelas costas nuas. Seus olhos amendoados piscavam e seus longos cílios faziam-no sentir uma lufada de ar que ironicamente lhe tirava o fôlego.
Ela girava pela pista de dança, sorrindo nas mãos de outro.
A música parou.
Ela abraçou seu parceiro de dança com aquele sorriso avassalador.
O cantor falou algumas palavras que ele não entendeu. Estava absorto a todo o resto, só conseguia enxergar o universo em torno dela.
Ela começou a andar em direção ao palco, subiu as escadas com um sorriso tímido.
O cantor começou a tocar uma música suave no violão.
Todas as pessoas olhavam para a beleza dela. As mulheres a invejavam.
Ele a desejava com saudades.
Ela balançava o corpo no ritmo em que as cordas do violão eram acariciadas e vê-la mais próxima que há muito tempo, acariciava sua alma.
Foi quando o cantor a olhou nos olhos sorrindo, ela balançou a cabeça jogando os cabelos para trás e começou a cantar.
O mundo inteiro parou.
Seus pés inconscientmente o levavam para mais perto do palco, enquanto a voz angelical, com que sonhou durante tanto tempo, embalava seu coração num ritmo frenético.
Ele queria dançar ao som daquela voz, sentindo o calor do corpo dela no seu.
Não conseguia parar de sorrir... E deve ter sido isso que fez com que ela olhasse em sua direção.
Ela o viu na multidão.
Quando seus olhos se encontraram ela cantava "Penso em você" e os lábios dele acompanharam os lábios dela, como há muito não faziam.
Ela sorriu aquele sorriso envergonhado que só ele a fazia dar, sentido as voltas que o coração dava em seu peito.
Ele começou a subir as escadas do palco, sem perceber, cantando com os olhos nos dela.
A música terminou. Logo outra começou.
E eles não ouviram.
Ele sorriu passando a mão nos cabelos.
Ela sentiu que suas pernas a desobedeceriam se tentasse fazer algo complicado como...andar.
O tempo parecia parado.
Ele se aproximou rápido demais para os que observavam e devagar demais para ela.
Ele a abraçou como se estivesse esperando por isso toda a sua vida.
Seus corpos dançavam no ritmo de seus corações.
Depois de um longo tempo ela o olha nos olhos. Sua expressão inconformada entre indignação e curiosidade.
-O que você...
-Não fala nada, só...
-...
-Canta pra mim?

domingo, 25 de julho de 2010

Daniela II

[FRENTE AO ESPELHO]
-Você não sabe o que fez? Você me fez imaginar que estava tudo perdido e que havia sido tudo em vão. Que jamais seríamos como éramos antes. Veja, eu passei dias... Meses sofrendo por algo que eu achei que lhe havia dito e pela maneira como achei que havia te ferido. Você me feriu também, me machucou também. Mas... Eu não consigo viver sem você, sem esse seu sorriso. Eu simplesmente PRECISO de você. Dessa vez eu vou agir do jeito certo, mesmo com todas aquelas suas crises de ciúme...Porque eu sei que você gosta de mim. Eu sei que... Eu sei que é real. E o que eu sinto também é.

[FRENTE A ELE]
-Você não sabe o que fez?...Nem eu...Na verdade você não fez nada e... Bom... A gente se vê!

sábado, 24 de julho de 2010

Daniela

Estava tudo bem.
Ela já havia superado. Seus olhos não deixavam mais as lágrimas caírem e as memórias não doíam tanto quando sua mente insistia em passá-las como num filme.
Então aconteceu:
Lá estava ele.
Parado.
Exatamente no mesmo lugar onde se haviam visto pela primeira vez.
Suas pernas bambearam, o coração disparou e ela abriu seu melhor sorriso, ensaiado tantas vezes diante do espelho.
Ela tinha tanto a lhe dizer, tantas desculpas a dar, por agir simplesmente como uma mulher costuma agir.
-E se arrepender depois.-
Todas as coisas que ela queria dizer se dissiparam no caminho até a boca e, quando seus olhos se cruzaram...
Era como se ela já tivesse dito tudo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Do Voo II

-Como as coisas são diferentes vistas daqui.
-Diferentes como?
-São grandes, lentas e solitárias
-E como costumavam ser?
-Ah! Era tudo tão pequeno que cabiam milhares de coisas num só olhar, e tão grande que preenchiam todo o coração.
-E as cores? Aposto que não eram como as daqui
-Não...
-Rá!
-Algumas cores eu não tinha nem nome...Tão vibrantes. Acabam deixando as cores daqui desbotadas e sem graça.
-O que mais te incomoda aqui?
-A maneira como o tempo passa.
-Por que?
-É como se eu simplesmente passasse por ele. Lá eu costumo VIVER o tempo.
-Entendo.
-Sabe... Odeio andar.
-Quer parar?
-Não
-E então?
-É que é monótono, depois que se aprende a voar...

Da tristeza

-Está triste?
-Um pouco
-Entendo...
-Entende?
-Sim...

-Me explica?

Do suicídio

Abri devagar e muito pouco a pequena peça prateada
Calmamente, como quem dança, a fumaça tomou conta do cômodo todo
Eu permiti àquele calor escaldante tocar meu corpo seco, deixei a temperatura avermelhar minha pele.
Eu sentia dor, mas não me importava
Apenas uma nova dor abranda dores antigas
-É o que dizem-
O tempo passou em ritmo doloroso e lento
A fumaça inebriava meus sentidos e a leve tontura adocicada me permitia aliviar os pensamentos fúnebres
Mas a cena toda era funesta.
Era o suicídio, o velório e o enterro.
Fechei devagar a já conhecida peça prateada
A dor diminuiu, mas eu ainda podia sentir o calor
Os cabelos deixavam escorrer a água queimando o corpo
Enxuguei a última gota na pele quente
Atravessei a fumaça, ainda nua, deixando para trás toda a dor...
...Recém suicidada.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Me dê um coração de gelo



Talvez eu não devesse permitir a esse meu coração quente mandar até mesmo nas palavras que permito escapar pelos vãos dos dentes...
Talvez eu não devesse permitir que meus olhos chorassem a dor que o outro insiste em sentir...
Talvez eu devesse parar de justificar cada golfada aliviante que meus pulmões obrigam-me a inspirar quando falta-me o ar
Talvez você me devesse dizer o porquê de eu não conseguir encontrar a temperatura morna...
Sou fogo ou sou gelo.
Talvez eu precisasse encontrar fora de mim algo que temperasse o calor
Talvez você devesse me dar um novo coração.

Parece mais fácil encontrar algo que aqu[i]e[s]ça um coração de gelo...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Do que se guarda no coração

E lá estava ela naquele quarto claro de hospital, suas mãos pareciam não pertencer a si mesma, estavam brancas demais.
Sua visão era embaçada, mas podia ver o rosto que a fitava sereno, tentando fingir que não havia dor ou preocupação.
Ele segurou sua mão, fez seus dedos se encaixarem.
Ela tinha certeza de que deveria dizer o que estava pensando, sabia que tudo mudaria nas próximas horas. Mas simplesmente não conseguiu dizer as palavras certas:
-Me desculpe, não era isso que eu queria.
Ele ficou olhando em seus olhos marejados e quando abriu a boca para responder-lhe, os olhos dela começaram a se fechar devagar sob efeito do medicamento. Encostou os lábios nos cablos dela e disse baixinho:
-Não há de que se desculpar. Você foi a melhor coisa que já me aconteceu. Eu queria ter te dito antes...
Quando ela abriu os olhos novamente, num novo quarto, claro demais para sua visão desajustada, sentiu o novo coração batendo em seu peito. Percebeu que tudo havia ocorrido como o planejado, mas ainda praguejava baixinho. Preferia ter aquele coração que morreria em pouco tempo e amá-lo pelo restante de seus dias, que precisar viver com os amores de outra pessoa.
Sua mãe levantou-se da poltrona, ao ouvir sua respiração mudando de ritmo e falou mais baixo do que se lembrava que sua mãe pudesse falar. Perguntava como a filha se sentia e outras coisas que não lhe faziam nenhum sentido. Ela interrompe, antes de poder prestar atenção ao que a mãe dizia:
-Mãe! Eu não quero vê-lo...Está bem?
A mãe concorda, confusa, decidindo por não contrariar a filha recém operada. A menina ainda divaga, imaginando que tudo o que sentia por ele, deveria ser tão ruim quanto seu velho coração e precisava ser retirado de seu peito. Seu coração dispara ao pensar nele, mas ela imagina que é apenas por não estar habituado a seu novo corpo.
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Ainda estava na sala de espera, imaginando porque ela estava demorando tanto para acordar. Ele tinha ficado no quarto todo esse tempo, mas a mãe da menina decidiu que ele precisava comer algo e ir para casa descansar. Ele não foi para casa, mas seu estômago estava mesmo implorando por alguma comida.
Depois de comer não lhe permitiram voltar e a mãe dela lhe disse que apenas a família poderia ficar no quarto. Ele não entendeu e acreditou que havia algo de muito estranho. Decidiu esperar, logo a mãe dela precisaria ir ao banheiro e ele a colocaria na parede.
Não demorou nada e ela saiu do quarto. Já estava indo em sua direção, quando decidiu esconder-se e entrar no quarto quando ninguém estivesse olhando.
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Sua mãe acabara de sair para buscar comida, prometendo não demorar. Seus pensamentos voavam para algum lugar dentro daquele imenso hospital, procurando pelos pensamentos dele.
A porta se abriu e ela pensou que a mãe havia mesmo sido rápida dessa vez.
Era ele.
Continuava incrivelmente bonito, mesmo tendo passado todas aquelas horas sem dormir. Seus cabelos estavam despenteados, exatamente como quando ela deixava seus dedos deslizarem entre os fios, deixando-o muito irritado, tentando colocá-los no lugar. Aquela lembrança a fez sorrir. Ele sorriu de volta.
-Ei!Você já está acordada. Como está se sentindo?
Percebeu que ele se preocupava e que não deveria lhe dar esperanças. Passou a ser rude, agindo como achou que seria o antigo dono daquele frio coração que jamais se derreteria àquele sorriso incrível à sua frente.
-Estou ótima! Pode ir embora. Não preciso mais de você.
Ele fica estático. Alguma coisa estava acontecendo. Sabia que sempre que ela era rude, algo a estava incomodando. Se aproximou, estendeu a mão para os cabelos dela e colocou aquela mecha insistente atrás de sua orelha. Ela estremeceu. Ele ficou preocupado.
-Está com frio?
-Não. Eu estou bem. Já disse que você pode ir embora...
Tocou-lhe o ombro direito. Da maneira como apenas ele poderia tocar, da maneira como só ela poderia sentir.
-Eu nunca irei embora. Sempre estarei com você.
Entrelaçou seus dedos nos dela e se aproximou para beijar sua testa. Foi somente quando o peito dele tocou o seu que ela percebeu o ritmo alucinado do novo coração e a maneira como rapidamente acompanhava o ritmo da já conhecida música que vinha do coração dele.Ela sorriu envergonhada.
-Eu achei que esse novo coração seria incapaz de sentir a mesma coisa por você. Eu achei que arrancando meu antigo coração, me estariam arrancando todo o sentimento que eu tenho por você, eu achei que...
-Achou que era apenas o seu coração que sentia algo?
-É...
-Eu jamais pensaria isso.
-Por que?
-Porque meu coração apenas bombeia tudo que eu sinto por você. Apenas leva para todo o corpo a felicidade de ter você por perto. É por isso que fica tão mais rápido quando você está comigo. Quando meu corpo percebe sua presença, cada célula exige a sensação que apenas seu toque me traz...
-Agora eu sei.
-Sabe?
-Sei. Bastou que seus dedos entrelaçassem os meus para que eu percebesse que você não é só o encaixe das minhas mãos ou do meu coração. Você é o encaixe do meu corpo todo, da minha alma. E sem você...Eu sou apenas metade de mim...

Regurgitar de palavras - Ou loquacidade

E então num arrancar quase desértico, as palavras começam a fluir de suas línguas bifurcadas...

-Mas o que quer dizer isso?

Não sei...
Acho que é isso que quer dizer, que eu dizia tudo, mas queria dizer nada
Ou na verdade eu nunca quis falar, apenas disse porque alguém ouvia...
Mas talvez ninguém ouvisse e eu apenas dizia por acreditar - ou por querer acreditar- que alguém um dia pudesse vir a ouvir, ou ler...
Mas na verdade eu nunca quis dizer nada com isso porque não havia nada a dizer
Eu só deixei meus pensamentos saírem da cabeça, confusos como quando estavam lá dentro
Talvez se você os lesse, confusos como são os seus próprios pensamentos quando ainda estão em sua mente você fosse capaz de entendê-los
Talvez não
Talvez eu não queira que ninguém entenda nada e apenas escreva para que eu possa tirar meus pensamentos de meu próprio pensar e possa lê-los como se eles jamais tivessem sido meus
Ou talvez eu só queira que alguém possa lê-los, e encontre em si, a resposta que jamais encontrarei em mim...

Do Encaixe

Ela está deitada sobre seu peito e entrelaça seus dedos nos dele
Fica buscando uma explicação para seus dedos se encaixarem tão perfeitamente, como uma pequena amostra da maneira como os seus corpos se encaixam

-No meio de tanta gente, há um mundo inteiro lá fora...

Ele a olha intrigado, mas permanece em silêncio

-Isso só acontece uma vez na vida! Algumas pessoas passam a vida inteira procurando o encaixe perfeito...E jamais encontram.

Ela está deitada sobre seu peito, que agora traz um rápido pulsar, e aperta com força os dedos dele ainda entrelaçados aos seus.
Naquele momento ela percebe que jamais os deverá soltar...

De quando uma pessoa é feita de duas...

-Por favor...
-Não!
-Por que não?
-Eu não posso deixar você fazer isso.
-Mas eu quero
-Seria triste demais. Você não entende?
-Por favor
-Mas isso não resolve as coisas. Os problemas continuarão aqui quando você voltar
-Eu sei, mas eu estarei pronta para eles quando estiver aqui novamente
-Ou não
-Mas você mesmo disse que eles continuarão aqui. Não faz diferença se eu for
-Para mim faz!
-Por favor
-Eu não posso te deixar fazer isso.
-Por que?
-Meu coração vai sofrer. Eu vou sofrer. O MUNDO TODO vai sofrer muito.
-Mas eu preciso.
-Por que?
-Eu preciso me ver longe das pessoas, eu preciso ficar só, com a melhor parte de mim mesma!
-Não...
-Por favor...
-Por favor... Não me faça permitir...
-Eu... preciso.

Ele fica desesperado com a ideia de ter que deixá-la ir, desejando estar junto dela onde quer que ela estivesse, pensando na voz dela dizendo que queria estar só, com a melhor parte dela mesma...
Ele concorda com a cabeça
Ela sorri
Ele solta sua mão
Ela se vira, confusa e assustada

-Você não vem?

Da Antártica I

Eles estão sentados nas conhecidas cadeiras amarelas

-Se você criasse asas para onde iria?
-Eu iria pra bem longe. Pra um lugar onde ninguém pudesse me encontrar.Pra a Antártica, talvez.
-E você iria me levar com você?
-Não.
-...

Eles se levantam. Caminham lado a lado em silêncio. Pouco antes de se separarem, ela segura a mão dele. Ele a abraça e diz tão baixo que só ela poderia ouvir

-Então eu espero que você nunca crie asas...

Ela deixa uma lágrima solitária escorrer pelo rosto, molhando o ombro direito dele. Ele jamais tomaria conhecimento.
Eles se afastam
Ela pensa baixinho

-Eu nunca iria pra Antártica sem você!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Da irritação

Nada mudou no mundo e pra você parece tudo tão completamente diferente:
As pessoas já não te olham daquele jeito doce, o céu não parece mais tão colorido, a Lua fecha o reconfortante sorriso, as flores murcham em escuras cores
-Ou foram seus olhos, que de repente se tornaram capazes de enxergar apenas por detrás de grossas lentes de rancor, dor e medo-
E então, nem mesmo os ponteiros, que pareciam tão certos, parecem querer andar no ritmo da sua música favorita.
A desesperança toma conta de todo o seu corpo inerte
O pavor, de repente, inunda cada um dos seus pensamentos, afogando toda a realidade num mar de [in]certezas inventadas.
Você tem plena consciência de que tudo isso é apenas fruto da sua imaginação eloquente
E, mesmo assim,
O mundo real deixa-te em cóleras...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Entre Aspas XVI

[PLANO B - TRILHA SONORA]

"As I'm standing here
And you hold my hand
Pull me towards you
And we start to dance
All around us
I see nobody
Here in silence
It's just you and me

I've been spending all my time
Just thinking about you
I don't know what to do
I think I'm fallin' for you
I've been waiting all my life
And now I found you
I don't know what to do
I think I'm fallin' for you
I'm fallin' for you"

domingo, 18 de julho de 2010

Do infinito


Queria carregar o infinito nas mãos
Procurou as estrelas no céu
Encontrou somente a escuridão
Deixou-se perder nos lábios de mel

De repente sentiu-se encontrada
Onde antes pareceu perdição
Viu que não há tudo sem nada
E luz não existe sem escuridão

No céu, o lunar sorriso vaga
E põe fim a toda solidão
O Sol, sem a Lua, se apaga
E a menina leva o infinito na mão





quarta-feira, 14 de julho de 2010

Da reallidade V

Às vezes eu acho que precisar de você é como precisar de ar:
Desesperador quando ausente...
Aliviante quando presente...
E vital a cada segundo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Entre Aspas XV

[A ÚLTIMA MÚSICA I]
 "Acreditava que ela desejava conhecê-lo como ele realmente era e, de alguma forma, sentia que ela saberia exatamente como reagir.
 Ela não era como as outras pessoas que conhecia. Tinha certeza de que jamais soltaria de sua mão. Seus dedos pareciam ter o encaixe perfeito nos dele -  perfeitos complementos entrelaçados sem esforço algum."

[A ÚLTIMA MÚSICA II]
 "-Qual foi o seu desejo? -  ela sussurrou.
 Mas ele não respondeu. Em vez disso, levantou a mão dela e , com o outro braço enlaçou-a. Olhou para ela de forma intensa, com a certeza de que estava apaixonado por ela. Trouxe-a para perto de si e beijou-a debaixo de um manto de estrelas, imaginando como tinha sorte de ter encontrado alguém como ela."

[A ÚLTIMA MÚSICA III]
 "-Como já te disse, falei a verdade. Que você é inteligente, divertida, uma ótima companhia, além de ser bonita.
 -Ah, então tá bom.
 -Não vai dizer que também me ama?
 -Não sei se me apaixonaria por alguém tão carente"

[A ÚLTIMA MÚSICA IV]
 "-Sim. Eu entendi muito bem o que você quer dizer. Mas não sei o que você quer que eu diga. Não sei o que qualquer um de nós pode dizer.
 -Que tal isso: "Não quero que acabe"?
 Os olhos dela eram verdes como o mar, mas ternos como se estivessem se desculpando
 -Eu não quero que acabe - repetiu suavemente"

[A ÚLTIMA MÚSICA V]
"No fim, devemos fazer sempre aquilo que acreditamos ser certo, mesmo que seja difícil. Sei que posso não ter te ajudado, mas nem sempre é fácil perceber qual o caminho certo a seguir. Aparentemente, mesmo quando eu dizia a mim mesma que roubar não era nada demais, sabia que estava fazendo uma coisa errada. Isso me tornva sombria por dentro - aproximou seu rosto do dele para sentir o aroma do mar e da areia em sua pele. - Não rebati às acusações porque sei que dentro de mim reconhecia que estava fazendo uma coisa errada. Há pessoas que conseguem viver com isso, desde que consigam escapar. Conseguem ver nuances de cinza onde eu vejo branco e preto. Mas não sou esse tipo de pessoa. E acho que você também não é."

[A ÚLTIMA MÚSICA VI]
 "-Se nem estava pensando em me contar, por que me fez vir pra cá? Para que eu pudesse ver você morrer?
 -Não, querida. É exatamente o contrário. Pedi para você vir para que eu pudesse ver você viver."

[A ÚLTIMA MÚSICA VI]
 "-Você se lembra da janela que fizemos juntos?
 Jonah concordou com a cabeça, seu pequeno queixo tremendo.
 -Eu a chamo de A Luz de Deus, porque me lembra o céu. Sempre que a luz brilhar pela janela que nós fizemos ou qualquer janela, você saberá que eu estarei bem ao seu lado, certo? Serei eu, eu serei a luz na janela."

[A ÚLTIMA MÚSICA VII]
 "-Foi lindo, não foi? - ela comentou.
 -Sim. Mas o que eu mais gostei foi de ter partilhado esse momento com você."

[A ÚLTIMA MÚSICA VIII]
 "-Alguma vez já te falei como acho você bonita?
 -Sim - disse fungando - Já me falou.
 -Bem, desta vez é verdade.

[A ÚLTIMA MÚSICA IX]
 "-Eu quero que saiba de uma coisa - disse segurando a mão dela com uma força surprreendente. - Não importa o quanto a sua estrela brilhe, a música não tinha nem a metade da importância que você tinha para mim como minha filha...quero que saiba disso."

[A ÚLTIMA MÚSICA X]
 "A vida, entendeu, era bem parecida com uma música.
 No começo, há mistério, e no final confirmação, mas é no meio que reside a emoção e faz com que a coisa toda valha a pena."

[A ÚLTIMA MÚSICA XI]
 "(...) foi exatamente como seu pai havia descrito. O Sol penetrou pela janela, dividindo-se em centenas de prismas parecidos com pedras preciosas de uma luz rica e gloriosamente colorida. O piano parecia estar embaixo de uma cachoeira de brilhos e cores e, por um momento, Ronnie imaginou seu pai ali sentado, com o rosto virado para a luz. Não durou muito, mas ela apertou a mão de Jonah em uma silenciosa admiração. Apesar da enorme tristeza, ela sorriu, sabendo que Jonah estava pensando a mesma coisa.
 -Oi papai - disse baixinho. - Eu sabia que você viria."

[A ÚLTIMA MÚSICA XII]
 "Seu abraço, de alguma forma, deixou tudo melhor e pior ao mesmo tempo."

[A ÚLTIMA MÚSICA XIII]
 "Ela o abraçou, sentindo o corpo dele encaixar-se perfeitamente ao seu, sabendo que não havia nada para tornar aquele momento melhor do que estava."

domingo, 11 de julho de 2010

Entre Aspas XIV

"O tempo vai gravar a tua voz em mim, pra que eu possa te ouvir toda vez que precisar de algum motivo pra sorrir."

Do silêncio II

-Diz...
-Não.
-Diz...
-Melhor não
-Diz...Por favor!
-Desculpa.É que eu sempre falo mais do que deveria...
-Diz!
-Não...
-Por que?
-Porque eu provavelmente vou dizer o que eu penso e você vai entender errado, e então eu vou me corrigir e tentar explicar o que eu quis dizer primeiro. Você vai achar que eu quis te atacar e te ferir, quando na verdade tudo o que eu queria era te fazer sorrir, te deixar bem. Ou então eu vou dizer demais e revelar pra você tudo o que eu sinto a seu respeito e você vai se assustar e achar melhor se afastar de mim pra sempre, porque eu gosto demais de você, ou porque eu te machuco todas as vezes que resolvo abrir a boca!
-Espera! Então você acha que eu sou injusto com você?
-Não...
-Que sou burro demais ou insensível o suficiente para entender os seus sentimentos?
-Eu não disse isso...Eu só quis dizer que...
-Olha...Acho melhor eu ir embora.
-Não! Espera! Não foi isso que...

Ele vai embora sem lhe dar ouvidos

-...Foi exatamente o que eu disse...

Da inexistência

-O que você vê?
-O céu
-Sim...
-As nuvens
-É... Já teve vontade de morder uma nuvem?
-Não.
-Pra saber se é doce...
-É só água!
-É isso que você vê? 
-É.
-Eu vejo algodão doce.
-E vai me dizer que o Sol é uma grande gema de ovo?
-Claro que não.
-Menos mal
-Pêssego em calda!
-Você não existe
-O que você vê?
-No céu?
-Em mim...
-Eu vejo...Alguém que muda tudo só com um olhar.
-Um olhar?
-É. Quando você me olha desse seu jeito...
-Como?
-Deve ser só o seu jeito mesmo.Você não existe!
-É isso que você gosta em mim?
-Isso o que?
-O fato de eu não existir...
-Não. Quer dizer...É!
-Ah...
-Porque tudo que eu conheci que existia me decepcionou
-Coisas que não existem também decepcionam
-Mas elas não existem!
-Por isso...

Antes que se fechem os olhos II

Eu costumava gostar de me deitar no escuro e imaginar situações que nunca vivi
De deixar a minha mente voar por mundos que jamais conheci
E verdades que nunca seriam reais...
Era a fuga da vida de sempre, na vida de jamais.
E foi a primeira vez que JAMAIS fez todo o sentido.
Eu sonhava conversas inteiras, lugares mágicos, pessoas incríveis
Que nasceriam e jazeriam em meus pensamentos....

Antes que se fechem os olhos I

Está escuro
O cheiro no travesseiro parece exercitar a memória
Todos os sons parecem mais altos
As gotas de chuva caindo no telhado
O vento balançando a folhagen
O tique taquear do relógio
Os pensamentos tentam fugir da mente
Acabam embalando a dança das borboletas
Ditando ritmo ao pulsar
Dando lugar às lembranças
Dando asas à imaginação
E antes que se perceba, os olhos se fecham,
Dando liberdade aos sonhos...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Entre Aspas XIII

[ALADDIM I]


Olha eu vou lhe mostrar
Como é belo este mundo
Já que nunca deixaram o seu coração mandar
Eu lhe ensino a ver todo encanto e beleza
Que há na natureza num tapete a voar!
Um mundo ideal
Um privilégio ver daqui
Ninguém pra nos dizer o que fazer
Até parece um sonho

Um mundo ideal
Um mundo que eu nunca vi
E agora eu posso ver e lhe dizer
Estou num mundo novo com você

E eu num mundo novo com você!

Uma incrível visão neste vôo tão lindo
Vou planando e subindo para o imenso azul do céu
Um mundo ideal

Feito só pra você!

Nunca senti tanta emoção
Mas como é bom voar...viver no ar
Eu nunca mais vou desejar voltar!
Com tão lindas surpresas
Tanta coisa empolgante

Aqui é bom viver
tem prazer
Com você não saio mais daqui

Um mundo ideal

Um mundo ideal

Que alguém nos deu

Que alguém nos deu

Feito pra nós

Somente nós

seu e meu...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

De mudanças

E então parece que aquela casa está pequena demais, que aquela rua já não é mais tão calma como costumava ser, que suas roupas já não são boas o bastante...
Algumas das pessoas que você mais amou, parecem não ter mais a mesma graça, elas já não dizem as mesmas coisas, já não se preocupam tanto, já não te animam como antes
Você se pergunta onde elas se perderam daquilo que costumavam ser, em que ponto trocaram aquilo que você tanto amava por isso que você não entende e  se voltarão a ser quem foram
Você chega à conclusão de que tudo está em mutação todo o tempo,  que a dialética da vida faz com que as pessoas evoluam, transgridam, mudem.
E quando você desiste de procurar o que foi que fez com que todo o seu universo mudasse tanto, você percebe que talvez tudo esteja igual
O que mudou foi você...

DO LIVRO [III]

Parecia que eu poderia sorrir por décadas sem sentir os músculos enrijecerem, sem oscilar ou deixar meu sorriso titubear. A sensação foi incrível. Ele queria mesmo ser a minha Lua. Talvez ele já fosse. Eu sempre imaginei que o sorriso dele corresponderia ao meu.

Da irritabilidade

-O que está acontecendo?
-Eu só estou irritada
-Por que?
-Porque, em geral, as pessoas que mais nos amam são as que jamais amaremos.
-Nem sempre
-Eu disse "em geral"
-E por que isso te irrita tanto?
-Porque quando somos nós que amamos, em geral, somos os que jamais seremos amados
-O universo sempre arruma um jeito de equilibrar as coisas
-Eu sei.
-E...?
-E eu queria poder mudar as leis do universo
-Pra que você amasse a pessoa que mais te ama?
-Não. Para que a pessoa que eu quiser amar me amasse
-Então todas as pessoas que amam, seriam correspondidas
-Isso
-Inclusive aquela que te amasse demais?
-...
-E então você corresponderia ao amor dela, aquela pessoa que você amasse corresponderia ao seu e assim sucessivamente? Acho que resolveria um problema gerando outro igual
-Você tem razão
-E então?
-Então eu queria poder mudar as leis do universo...
-Então quem você amasse te amaria?
-Não
-Não?
-Eu não iria mais mudar isso
-E mudaria o que?
-Faria com que as pessoas que tentam acalmar a irritação dos outros, acalmassem apenas às suas próprias
-...
-E assim todas as decisões tolas seriam tomadas sem ninguém para impedir!

domingo, 4 de julho de 2010

Da vida IV

A vida não é medida pelas primaveras vividas, mas pelas flores cultivadas...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Constante...


...como bola de sabão

De conversas hipotéticas

Eles estavam no já conhecido barranco, sem se olhar nos olhos

-Você me prometeu
-O que?
-Que não iria sumir de mim...
-Eu não sumi. Foi você que não me procurou mais
-Eu tive vontade
-E por que não o fez?
-Porque eu achei que se você sentisse minha falta você me procuraria
-Eu senti
-Mas não procurou
-Eu procurei. Falei com você. Mas você estava estranha
-Eu sou estranha
-Não era
-Você acha que eu mudei?
-Acho
-Acha que pode conviver com isso?
-Não sei
-Nem eu...
-Por que você mudou?
-Eu não sei...Acho que é porque o mundo muda e nós temos que mudar com ele, ou ele nos engole e passa por nós sem que percebamos.
-Pode ser
-E começou a ser dolorido viver nesse mundo
-É...Com tanta violência, briga, impaciência, injustiça e...
-Não.
-Não? O que te incomoda então?
-O mundo ser apenas metade do que costumava ser.
-Como assim?
-Me incomoda ter de visitá-lo sozinha, incomoda o mundo ter mudado de "você e eu" para "eu".
-Ah...Esse mundo...
-Era óbvio que eu me referia ao mais importante.
-...
-Pelo menos para mim
-É o mais importante para mim também...
-É?
-Mas você nunca está nele.
-Não?
-Não. Ele também está pela metade para mim...
-Mas eu estou aqui agora.
-Você está estranha
-Então você não pode conviver com isso...
-Não é isso. É que, na verdade, nosso mundo costumava ser meu refúgio... Mas, sem você lá é como se ele não existisse...E o estranho é você não estar lá.
-Acha que não sou mais a mesma porque eu não estava lá quando você esteve?
-Eu não sei
-Eu continuo visitando nosso mundo todas as noites, você nunca está lá e...
-Espera! De noite?

Ele sorri um sorriso nervoso

-É. À noite.
-Eu costumo visitá-lo todas as tardes ou manhãs, sabe...é quando o Sol aparece.

Ela olha para ele, sorri o mesmo sorriso nervoso, coloca a mão em seu peito, sente certa dificuldade e então coloca a orelha.
Ele passa a mão em seus cabelos
A mão dela se enrosca em algo pendurado ao pescoço dele.
Isso a acalma

-Você acha que mudei...Acha que não posso mais te fazer sorrir não é?
-Você sempre me fará sorrir...

Ela se levanta. Ele olha. Ela começa a falar de costas para ele

-Meus cabelos ainda sentem a falta do seu rosto... Minha pele ainda exala o mesmo perfume doce em abstinência pela sua, minha boca ainda deseja a umidade da sua e minha língua ainda guarda o gosto da sua pele...

Ele se levanta, olhando-a em silêncio. Ela continua

-Eu continuo fazendo desenhos e escrevendo sobre nós, eu ainda faço doce todas as sextas e espero ouvir um estalar de dedos a qualquer segundo do dia. Ainda desejo que o ponteiro continue girando e que as pilhas jamais se acabem. Eu ainda te vejo no sorriso da Lua, nas gotas de chuva, na sensação do vento e no bater da única nota que tem me acompanhado...

Ele dá um passo à frente. Vê uma lágrima tocar o chão.
Ela se vira para ele. Segura a corrente em seu pescoço como se quisesse provar algo

-Você tem razão. Eu não sou mais a mesma. Tenho sido apenas metade de mim...

De Noites Brancas

Eu costumo olhar para o céu buscando o sorriso da Lua, mas é sempre Lua cheia.
E então eu me sento no precipício sozinha e observo o Sol se pondo, esperando que seja eternamente noite.
Eu quero trocar a noite pelo dia.
Mas as noites nunca têm Lua.
É sempre Lua Nova...
E eu vivo nesse pôr de Sol, nesse Sol que quer sumir e não some
Nesse Sol que fica no céu, vivendo de esperanças até que a Lua chegue
-E ela não vem-
E eu vivo nesa eterna Noite Branca
Que quer se apagar e não apaga...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Da Música

E então a cena muda e eles estão sentados num velho barranco observando Sol se pondo

-Você acreditou mesmo?
-Acreditei.
-Por que?
-Porque eu senti as minhas mãos suarem frias, a minha pele se arrepiar, a respiração ofegar e o coração diparar...
-Mas isso acontece quando você corre rápido demais
-Eu não havia corrido
-Quando você dança
-Mas eu não dancei
-Quando você fica nervosa
-Na verdade eu estava bem calma, a proximidade me acalmava sempre.
-O seu coração estava disparado, e você vem me dizer que estava calma?
-Eu estava.
-Duvido
-Bom, na verdade, eu menti.
-Então você não acreditou?
-Não sobre isso.
-Sobre o que?
-Minha mente corria solta por pensamentos insinuantes e borboletas dançavam sob o som da mais bela música.
-Música?
-É. Eu sempre ouço a música, às vezes ela soa baixinho, outras vezes é como se tocasse dentro dos meus ouvidos.
-E foi apenas isso que te fez acreditar?
-Não.
-Não?
-Não. Um dia você vai entender...
-E agora?
-Agora vamos ouvir a música do pôr do Sol...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Último Ato

Voltar ao velho teatro não foi assim tão difícil.
Entrou pela porta da frente, passeou por cadeiras marcadas de um plateia longínqua, atravessou empoeiradas cortinas e as abriu puxando cordas corroídas de tempo. Entrou nas coxias alinhando-as para que seus passos não vazassem para a plateia vazia. No alto da cabine de luz, alguém lhe piscou os olhos e os holofotes.
Da beira do palco a luz lhe cegava e as cadeiras eram preenchidas de pessoas que vinham de todas as entradas do prédio. Logo as últimas fileiras foram preenchidas.
Continuava à beira do palco.
Sem ação.
E, num sussurro de lembrança, lhe brotaram falas de esquecidos textos de abandonadas peças.
Sentiu o calor da luz frontal. De repente suas mãos não tremiam frias e a poeira desacomodou-se formando uma cortina de fumaça, num etéreo de recordação.
Dizia as falas lembradas e citava esquecidos lugares e ex-eternos-atores, co-autores de sua vida esquecida.
A plateia toda estava lá para ver suas lágrimas marcarem o empoeirado palco.
E quando disse a última fala , levantou as mãos, como quem abraça o mundo, fechou os olhos e abaixou a cabeça em agradecimento.
Os aplausos não vieram
A poeira ainda forrava todos os lugares, as cadeiras permanecim marcadas e vazias. E as únicas mudanças, desde sua chegada, foram as cortinas agora abertas, sua presença num palco antes vazio e suas lágrimas que ainda deixavam marcas em meio à poeira.
Levantou a cabeça devagar para a cabine de luz e viu seus próprios olhos sorrindo...
E num derradeiro piscar, apagam-se os holofotes.

Do tempo II

-Eu não o vejo mais
-Calma. Deve haver um motivo
-Ou eu devo ter feito algo de errado da última vez
-É claro que não.
-Você não sabe
-Você me disse
-Mas eu te contei apenas o MEU lado da história.Toda história tem três lados: o meu, o do outro e a verdade.
-E verdade existe?
-É claro que sim
-É claro que não.A verdade é sempre subjetiva. Nada é real
-Mas eu sentia como se fosse
-Talvez tudo não tenha passado de um sonho bom que se esqueceu que ainda era dia.
-Talvez. Mas era tão real...
-Talvez ainda seja
-Mas você me disse que nada é real!
-Eu sei. Mas a gente ainda pode acreditar que seja.
-É. Acho que vou procurá-lo
-Não!
-Por que?
-Deixa que ele te procure
-Mas e se ele não fizer isso?
-É porque ele não merece todo esse sentimento que você tem por ele
-E se ele estiver precisando de mim?
-Ele vai te procurar!
-Mas eu estou precisando dele...
-Espera.Você consegue suportar.Eu estou aqui
-Eu sei.Eu agradeço. Mas é dele que eu preciso. E ele não vai me procurar
-Dê tempo a ele.Deixa ele sentir a tua falta
-E se ele não sentir?
-Ele VAI sentir!
-Será?
-É claro. Você é uma pessoa incrível. Nunca reparou como todos os outros o invejam?
-Não minta! Todos os outros sempre invejaram a mim!
-Por que?
-Por estar ao lado dele.
-Mas ele um dia foi seu?
-Eu achava que sim...
-Espera....Dê tempo a ele.
-Quanto tempo?
-Tempo o suficiente pra ele sentir sua falta
-Mas e se eu der tempo demais?
-Demais? Demais para que? De que você tem medo?
-De que ele perceba que consegue viver sem mim...

domingo, 27 de junho de 2010

Entre Aspas XII

[ANTES QUE TERMINE O DIA I]
"-Eu vou sentir muito a sua falta, sabia?
-Ah, Sam...São só algumas semanas
-É. Que vão parecer uma eternidade.
-A eternidade e mais um pouco."

[ANTES QUE TERMINE O DIA II]
"-O que houve?
-Quebrei essa manhã
-Mas são 11 horas
-Olha só.Os ponteiros se moveram
-Pelo menos vai estar certo duas vezes por dia"

[ANTES QUE TERMINE O DIA III]
"-Como o senhor sabe disso?
-Assim como os barmans, os taxistas sabem dos problemas dos outros. Qual é o seu?
-Eu não quero falar sobre isso
-É uma boa ideia. Talvez, assim, o problema se resolva sozinho.
-Não consigo fazê-la feliz. Como é possível amar tanto alguém sem saber como...como se deve amar?
-Então a ama
-Sim. Amo muito.
-Esse é o problema
-Ela vai viajar amanhã. Por duas semanas. E quer me levar também.
-E se ela não voltar?
-O que você quer dizer com isso?
-Vamos lá, imagine. Vocês se despedem, ela entra no avião e nunca mais a vê. Poderia viver assim?
-Não.Não.Não mesmo."

[ANTES QUE TERMINE O DIA IV]
"-Passei o dia inteiro andando pela cidade e pensando
-Em que?
-Pensando se a gente está se dando bem
-...
-Não.Não é isso. Você não entendeu. A questão é que eu não tive uma boa manhã e a reunião...Bom... Eu pensei no que fazer e conversei com um taxista
-Um taxista?Conversou sobre...
-É, eu sei que é estranho, mas foi bom. Me fez perceber que mesmo com problemas, você e eu dividimos coisas. E eu percebi que acima de tudo e apesar de hoje, eu te adoro. Não. Na verdade eu quero continuar.É. Eu quero. Tá bom?
-Não.
-Não o que?
-Eu não quero continuar.Olha, Ian, se fosse para ficar em Londres, seria por você, por nós. Eu não pensaria duas vezes se pensasse que somos especiais.

[ANTES QUE TERMINE O DIA V]
"-Olha Ian, eu sei que tem boa intenção, mas eu sinto que estou em segundo plano na sua vida e isso machuca. E o pior é que eu estou me acostumando com isso
-Eu não estou entendendo
-Eu sei.E isso está me matando.Se tivesse só um dia Ian, um dia em que nada importasse além de nós...
-Olha...Eu te adoro!
-Eu não quero ser adorada. Quero ser amada."

[ANTES QUE TERMINE O DIA VI]
"Você vem ou não? Vai entrar ou não, meu amigo? É só escolher."

[ANTES QUE TERMINE O DIA VII]
"Eu queria ficar com ela.Queria mesmo."

[ANTES QUE TERMINE O DIA VIII]
"Dizem que um dos dois sempre ama mais.
Meu Deus, quem dera não fosse eu..."

[ANTES QUE TERMINE O DIA IX]
"Acho que sonhos são muito importantes e devemos prestar atenção neles"

[ANTES QUE TERMINE O DIA X]
"Querems dar às pessoas o presente mais precioso: O tempo."

[ANTES QUE TERMINE O DIA XI]
"Déjà vu. Um tempo não admitido por um evento neurológico randômico. Ms é uma mensagem do fundo da alma. Quando a alma bater à porta, deixe-a entrar"

[ANTES QUE TERMINE O DIA XII]
"-O que você faria se fosse seu último dia na Terra?
(...)
-É uma resposta fácil.E ridícula. Eu passaria com você.Assim.Sem fazer nada."

[ANTES QUE TERMINE O DIA XIII]
"-Ian, a chuva parou.Quer ir até o topo?
-Não.Quero te levar a outro lugar
(...)
-Dá pra esperar mais um pouco?
-Boa ideia"

[ANTES QUE TERMINE O DIA XIV]
"-Ian, a morte não coloca fim no amor.
-Você acha?
-Tenho certeza"

 [ANTES QUE TERMINE O DIA XV]
"-Obrigada.
-Pelo que?
-Pelo dia perfeito."

[ANTES QUE TERMINE O DIA XVI]
"Do que você tem medo? Do sucesso ou do fracasso?"

[ANTES QUE TERMINE O DIA XVII]
"Hoje, hoje apostei minha vida
Você não faz idéia
Do que sinto por dentro
Não tenha medo de demonstrar
Pois nunca saberá
Se não deixar sair
Um dia, quando a juventude
for só uma memória
Sei que você estará ao meu lado

Eu te amo
Você me ama
Aceite este presente e não pergunte o porquê
Pois se você me permitir...
Vou pegar o que assusta você
E guardar lá dentro
E se me perguntar porque... Estou com você
E porque nunca
lhe deixarei
Meu amor vai lhe mostrar tudo
Nosso amor vai nos mostrar tudo" 

[ANTES QUE TERMINE O DIA XVIII]
"Alguns amuletos são novos, outros velhos.
Uma nota musical, um violino, e também uma flor, não tem nenhum sentido, exceto que é delicada como você é.
Vamos ver... O trem que pegamos hoje, a torre Eiffel que queremos tanto ver e tem uma frigideira.Você é a única pessoa que eu conheço que sabe girar uma panqueca...
E um coração.É o meu.Agora é seu.

[ANTES QUE TERMINE O DIA XIX]
"-O que foi?
-Eu te amo
-Eu também te amo
-Quero dizer porque te amo
-É que está chovendo. Você está sentindo?
-Preciso dizer e você tem que escutar. Eu te amo desde que te conheci, mas não me permiti sentir isso verdadeiramente até hoje. Eu estava sempre um passo a frente, tomando decisões para me livrar do medo. Mas hoje, pelo que aprendi com você, cada escolha foi diferente e minha vida mudou completamente. Eu aprendi que quando se faz isso se vive inteiramente. E não importa se você tem cinco minutos ou cinquenta anos. Samantha, se não fosse por hoje ou por você, eu nunca conheceria o amor. Então obrigado por ser a pessoa que me ensinou amar e ser amado.
-Eu não sei o que dizer
-Não precisa falar nada. Eu só queria dizer isso."

[ANTES QUE TERMINE O DIA XX]
"-Vamo para casa.Você não vem?
-Lógico"

[ANTES QUE TERMINE O DIA XXI]
"Você não tem muito tempo. Tudo é possivel"

[ANTES QUE TERMINE O DIA XXII]
"-Por que estou aqui e ele não?
-Não conseguimos ter o controle de tudo"

[ANTES QUE TERMINE O DIA XXIII]
"Amar o Ian foi tão fácil para mim"

[ANTES QUE TERMINE O DIA XXIV]
"Tudo ficará bem
Você disse...amanhã
Não chore
Não derrame uma lágrima
Quando você acordar
Ainda estarei aqui
Quando você acordar
Combateremos todos os seus medos

E agora eu...
Pegarei meu coração de volta
Deixo suas fotos no chão
Roubo de volta...minhas lembranças
Não aguento mais
Sequei minhas lágrimas
E agora encaro os anos
O jeito que você me amou
Dissipou todas as lágrimas

Apenas um pouco de tempo foi tudo o que precisamos
Apenas um pouco de tempo para que eu visse
A luz que a vida pode te dar
Ou como isso pode te libertar"

À estrela mais brilhante de todo o céu

Cultivamos amizades por toda a vida, temos conosco aqueles fiéis e inseparáveis.Muitas vezes, por uma trama do destino, eles se distanciam e, quando nos reencontramos, é como se nada do que criamos existisse mais. Os silêncios que incomodam preenchem cada um dos momentos que antes não precisavam de preenchimento. E quando nos despedimos, ficamos nos perguntando em que parte do percurso nos perdemos.

Há algumas pessoas que sempre estarão conosco. Que sentimos desde o primeiro olhar que não são iguais às outras e que a vida sempre nos fará reencontrar.
E por mais tempo que fiquemos sem nos ver, quando nos reencontramos é como se nunca nos tivéssemos separado.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

De árvores

 Os galhos pareciam amar as folhas, o tronco longo queria afastá-las das tristezas terenas, suas flores coloriam uma praça sem cor.
 As horas passam
 A lua não chega
 E o Sol decide se despedir
 Ele começa a se esconder por detrás das folhas, a luz vai ficando amarelada...
 E o pôr do sol rouba a única cor que restava na praça...

Entre Aspas XI

[UM AMOR PARA RECORDAR I]
"-Se Deus te ama, por que ele não te dá um suéter novo?
-Ele está ocupado procurando seu cérebro."

[UM AMOR PARA RECORDAR II]
"-42
-42? Como assim 42?
-42 é ajudar quem eu não gosto. Isso faz parte da minha lista dos meus objetivos de vida.
-Tipo mudar de personalidade?
-Trabalhar um ano como voluntária, fazer uma descoberta médica...
-Isso é querer demais
-Estar em dois lugares ao mesmo tempo, fazer uma tatuagem...
-E qual é o número um?
-Se eu te contasse teria que te matar

[UM AMOR PARA RECORDAR III]
"Há uma música dentro da minha alma
Que eu tentei escrever de novo e de novo
Estou acordada no frio infinito
Mas você canta para mim mais uma vez e mais uma vez

Cante para mim a canção das estrelas
Da sua galáxia dançando e rindo e rindo de novo
Quando sentir que meus sonhos estão tão longe
Cante para mim os planos que você tem para mim mais uma vez

Eu te dou meu destino
Estou te dando tudo de mim
Eu quero sua sinfonia
Cantando tudo que eu sou
Com todo o meu fôlego
Estou te dando tudo o que tenho

Então eu abaixo minha cabeça
E junto minhas mãos e oro para ser somente sua
Eu oro para ser somente sua
E oro para ser somente sua
Eu sei agora você é minha única esperança"

[UM AMOR PARA RECORDAR IV]
"-Você não tem a menor ideia do que é ser amigo de alguém
-Eu não quero ser só seu amigo
-Você não sabe o que quer
-Nem você! Vai ver você só tem medo que alguém queira você.
-E por que eu teria medo?
-Se não você não iria se esconder nos seus livros, no seu telescópio, na sua fé. Não! Sabe porque você tem medo? Você também quer ficar comigo."

[UM AMOR PARA RECORDAR V]
"-Então...Qual é o número um da sua lista? Tá bom. O número um da minha lista é sair da cidade
-Acho que o importante não é sair. É descobrir o que fazer em outro lugar
-Como assim?
-Você pode fazer qualquer coisa..."

[UM AMOR PARA RECORDAR VI]
"-Aonde vamos?
-Espera que você vai ver
-Vem!Vem!Vem cá
-Espera aí!Pra onde estamos indo?
-Corre! Pronto.Fica aí. Um pé pra cá, outro ali
-Você está parecendo um maluco. O que que é?
-Você está em cima da divisa do estado.
-Tá bom.
-Está em dois lugares ao mesmo tempo."

[UM AMOR PARA RECORDAR VII]
"-Como você pode ver lugares assim, ter momentos assim e não ter fé?
-Sorte sua ter tanta certeza.
-É como o vento. A gente não vê, mas a gente sente.
-O que você sente?
-Eu sinto o mistério,a beleza, a alegria, o amor. Sabe, é o centro de tudo.
-Acho que vou te beijar
-Posso não ser boa nisso
-Isso é impossível. Jamie, eu amo você.
-...
-Agora é a hora de você dizer algo
-Eu pedi para não se apaixonar por mim."

[UM AMOR PARA RECORDAR VIII]
"-Seu comportamento é pecaminoso. Você age como se estivesse...
-Apaixonada
-Jamie, você é uma criança
-Pai, olhe pra mim. Eu não sou mais criança.
-Então pare de agir como tal.
-Eu o amo
-Então seja justa com ele, antes que as coisas piorem."

[UM AMOR PARA RECORDAR IX]
"-O que quer ver?
-Plutão
-Plutão só aparece um pouco antes do Sol
-Isso mesmo!"

[UM AMOR PARA RECORDAR X]
"-Qual é o número um?
-Casar na igreja em que minha mãe cresceu e meus pais se casaram"

[UM AMOR PARA RECORDAR XI]
"-Não.Não vou fazer faculdade.
-Eu achei que...
-Não.Achou errado.
-Vai trabalhar um ano de voluntária?
-Não
-Ei! O que você vai fazer?
-Eu estou doente
-Então vem. Eu te levo pra casa
-Não.Não Langdon. Eu estou doente. Tenho leucemia.
-Não.Você tem 18 anos, é perfeita.
-Não. Eu descobri há dois anos. Não reajo mais aos tratamentos.
-Por que você não me contou?
-O médico me mandou levar uma vida o mais normal possível e eu não queria causar pena em ninguém.
-Inclusive em mim?
-Especialmente em você! Sabe... a minha vida ia bem, eu já tinha aceitado e aí você apareceu e... Langdon, eu não preciso de uma razão para ter raiva de Deus!"

[UM AMOR PARA RECORDAR XII]
"Eu não vou abandonar a Jamie. Por favor, diga isso a ela."

[UM AMOR PARA RECORDAR XIII]
"-Olha, me desculpa. Eu deveria ter te contado antes
-Eu te fiz fazer tanta coisa
-Não. Você só me fez ficar mais saudável
-Você está com medo?
-Morrendo
-Não tem graça
-Tenho medo de não estar com você
-Isso não vai acontecer.
Estarei com você.

[UM AMOR PARA RECORDAR XIV]
-Pai...Que sério!
-Não. Lembra quando você tinha uns cinco ou seis anos e disse que odiava a gravidade, pois queria pular do telhado e voar?
-Eu fiquei uma fera com o senhor quando me mandou descer.
-Se eu a protegi demais é porque te queria por mais tempo comigo
-Pai...
-Sabe, quando perdi sua mãe, temi que meu coração nunca se abrisse de novo. Jamie, não pude te olhar por dias.E então...
-Eu te amo tanto!"

[UM AMOR PARA RECORDAR XV]
"-Sabe o que eu descobri hoje?
-O que?
-Que talvez Deus tenha um plano maior pra mim do que eu mesma tinha. Como se essa jornada nunca terminasse. Como se tivesse me mandado você porque estou doente. Pra me ajudar a passar por isso. Você é meu anjo"

[UM AMOR PARA RECORDAR XVI]
"-Você me ama? Então faz uma coisa pra mim?
-Qualquer coisa
-Casa comigo?"

[UM AMOR PARA RECORDAR XVII]
"Jamie e eu tivemos um verão perfeito juntos. Mais cheio de amor que a vida inteira de muitas pessoas. E então ela partiu com sua fé inabalável."

Da invisibilidade II

 Quando começou a andar, percebeu que, o carro que quase lhe tirara a vida, talvez lhe tivesse dado a chance de realmente viver.
 Todas as cabeças viravam quando ela passava e, ela sabia que era porque estava toda molhada e suja.
 Passou em frente a uma vitrine e viu seu reflexo.
 Ela estava linda!
 A água havia lhe colado as roupas no corpo, seus cabelos molhados ganharam movimento, seus olhos mostraram cor com o brilho do Sol
 Naquele segundo ela percebeu que as pessoas a olhavam, elas a desejavam ou a invejavam.
 O homem que quase a havia atropelado parou o carro alguns quarteirões a frente e voltou a pé para ajudá-la.
 Logo a reconheceu pela água escorrendo
 -Me desculpe.Você está bem? Se você precisar de...
 -Não. Obrigada.
 -Você é linda.
 -Eu era nada até dez minutos atrás
 Ele sorri confuso
 -Você precisa de algo? Quer...
 -Eu quero voltar a ser invisível. Eu sou boa nisso!

Da invisibilidade I

 Nenhuma cabeça virava quando ela passava.
 Seus cabelos não esvoaçavam com o bater do vento
 Sua pele não era aveludada, sequer alva
 Seus olhos não tinham o colorido que se deva exaltar e ficavam escondidos por detrás das escurecidas lentes
 As roupas largas cobriam todas as curvas de seu corpo
 Era apenas mais um fim de tarde, ela caminhava e, ao atravessar a rua, invisível como sempre, um carro quase a atropelou.
 Ao desviar, tropeçou nos próprios pés desajeitados, caiu numa poça de água de chuva e quebrou os óculos.
 Ninguém pareceu ter notado
 Ela se levantou com água por toda a roupa e pelos cabelos
 Recolheu os pedaços de seus óculos
 Quando começou a andar, percebeu que, o carro que quase lhe tirara a vida, talvez lhe tivesse dado a chance de realmente viver.
 Todas as cabeças viravam quando ela passava e, ela sabia que era porque estava toda molhada e suja.
 Passou em frente a uma vitrine e viu seu reflexo.
 Ela estava linda!

Enquanto se piscam os olhos

 E quando olha para o lado,
 Não há mais nada.
 Percebe que talvez o piscar de olhos tenha sido longo demais.
 Por alguns momentos perde todo o contato com o mundo.
 O tempo que passou lutando parece desperdiçado.
 Cada um de seus desejos parece ter sido ignorado por aquele-que-atende-pedidos.
 E quando olha para o lado, se vê sozinha.
 Vazia.
 Como se cada um dos segundos que viveu antes nunca tivesse passado de um sonho bom que esqueceu que ainda era dia.
 Então levanta a cabeça para o céu e pede a uma estrela qualquer, para que ela caia e lhe conceda um desejo.
 Quando a estrela começa a despencar, percebe o egoísmo do pedido anterior e, olhando sua queda, deseja que ela possa voltar ao seu lugar firme no céu.
 Ela volta.
 A garota se pergunta o porquê de, na única vez em que o desejo seria realizado, ele ter sido feito para outro.
 Talvez seja essa a resposta.
 O outro.
 Talvez seu próximo pedido não devesse ser para recuperar tudo que se perde enquanto seus olhos piscam, mas para que esse "tudo" estivesse bem, e se despedisse antes de partir.
 Seriam dois desejos.
 Eram desejos demais para uma única garota.

 Uma estrela cadente começo a passar e ela desejou.
 Desejou nunca mais piscar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sobre o infinito


Vem beija-flor
Esconde-te num codinome
Põe suas asas longe da dor
Faz teu beijo saciar toda fome

Vem beija-flor
Que um dia o poeta cantou
Guarda na boca todo o sabor
De quem um dia a flor beijou

Vem beija-flor
Não esconda todo infinito
Mostra nas asas o desenho em cor
Faz surgir o beijo mais bonito 

Vem beija-flor
Desacelera esse ritmo louco
Deixa o tempo passar sem ardor
Que, para nós, o infinito é pouco



Da vida III

 E se um dia tudo isso que agente criou pra nós não existir mais?
 E se amanhã você simplesmente perceber que o meu sorriso não é o bastante?
 E se o mundo todo ficar vazio, ou pela metade?
 -A minha metade!-
 Se um dia nossos caminhos nos separarem e nos virmos distantes demais para nos darmos as mãos?
 A vida sempre encontra.
 Talvez ela já estivesse tentando nos encontrar há anos, no jardim de infância já nos teríamos visto e nos ignoramos
 Talvez nos tivéssemos esbarrado em ruas, pontos de ônibus, bares e multidões
 Talvez a vida lutasse incessantemente para o nosso encontro
 Talvez tenhamos que nos despedir...
 Mas eu sei que ainda que o mesmo acaso que nos fez encontrar nos separe...

A vida sempre reencontra...

De despedidas desnecessárias

-Vá.

Ele foi.
Um dia, numa rua qualquer de qualquer cidade, eles se reencontraram

-Por que você foi embora?
-Você me disse para ir.
-Mas você queria?
-Não.
-E por que você foi?
-Você me disse para ir.
-Disse. Mas era pra você ficar.
-Você queria que eu ficasse?
-Queria
-Você me disse para ir!!!
-Eu sei
-Sabe?
-Sei
-Então me explica
-Eu simplesmente disse: "vá"
-Você quer que eu vá embora?
-Não!
-Você me disse para ir
-Mas dessa vez eu só estava explicando...
-E antes?
-Antes?
-Antes você me disse pra ir.
-Disse.
-Por que?
-Pra você ficar.
-Você me disse pra ir...

-Pra eu ficar?
-Isso
-Explica
-Eu queria que você ficasse por QUERER ficar.
-Mas eu queria. E você sabia.

-Mas você me disse para ir!
-E você foi
-Mas eu queria ficar.
-E por que você foi então?
-Você me disse pra ir. Por quê?
-Pra você ficar. Talvez eu só precisasse da reafirmação da sua vontade. Mas você foi embora.
-Você me disse pra ir.
-Eu só queria que você me dissesse, poderia ser bem baixinho, que queria ficar. Pelo menos por mais um segundo.
-Então você me manda ir e eu tenho que querer ficar?
-Você disse que queria ficar.
-Eu queria.
-E agora?
-Agora eu quero ir.

...

-Vá!

Ao meu Palhaço

 E foi assim
 A primeira vez em que bati os olhos em você, eles brilharam.
 Engraçado, mas todos os holofotes poderiam ser desligados e, ainda assim- não sei se pelo brilho do meu olhar ou pela sua luz própria- você brilharia.
 E eu era apenas um borrão de tinta na tela da multidão, e nem se todas as luzes fossem apagadas você teria visto o brilho dos olhos meus.
 E foi assim
 Com o tempo as suas tintas deram nitidez ao quadro da minha vida e por vezes o tranformaram em filme em cores.
 É estranho como enxergamos por tanto tempo um mundo preto e branco e quando descobrimos uma única cor, nos vemos dependentes dela.
 O preto e branco que nos satisfazia de forma tão natural, se torna feio e sem graça.
 E foi assim
 Foi assim que a monocromacia do meu estático quadro, se transformou no real colorido em palco.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Entre Aspas X

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON I]
"A vida só pode ser compreendida olhando para trás. Mas ela deve ser vivida para a frente. "

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON II]
"É uma coisa engraçada, voltando para casa. Nada muda. Tudo parece o mesmo, sente o mesmo, cheira a mesma coisa.E você percebe que o que mudou foi você. "

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON III]
"Nós fomos destinados a perder pessoas. De que outra forma poderíamos saber como eles são importantes?"

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON IV]
"Para as coisas importantes,nunca é tarde demais,ou no meu caso, muito cedo,
para sermos quem queremos.Não há um limite de tempo,comece quando quiser.
Você pode mudar ou não.
Não há regras.
Espero que você faça o melhor.Espero que veja as coisas que a assustam.Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes.Espero que conheça pessoas com diferentes opiniões.Espero que viva uma vida da qual se orgulhe.
E se você achar que não,espero que tenha a força para começar novamente"

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON V]
"As nossas vidas são definidas pelas oportunidades, mesmo aquelas que perdemos."

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON VI]
"Às vezes estamos em rota de colisão e apenas não sabemos. Seja por um acidente ou por destino, não há mais nada que possamos fazer."

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON VII]
"Você pode ser tão louco como um cão raivoso com a forma como as coisas vão, você pode amaldiçoar o destino, mas quando se chega ao fim, você tem que se deixar ir"

[O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON VIII]
"Eu estou sempre olhando meus próprios olhos"

Entre Aspas IX

[BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS I]
"-Joel..eu sou feia?
-Você é linda!
-Joel, nunca me deixe!
-Você é linda!"
(ela começa a sumir e ele agarra a colcha)
"-Por favor, por favor! Deixe-me guardar só esta lembrança! Só esta..."
 
[BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS II]
"- Eu fui. Eu achei que talvez você fosse louca. Mas você era interessante.
- Eu gostaria que você tivesse ficado.
- Eu gostaria de ter ficado também. Agora...eu gostaria de ter ficado. Eu gostaria de ter feito muitas coisas. Eu gostaria de... eu gostaria de ter ficado. Gostaria.
- Eu desci e você tinha ido. Por quê?
- Não sei. Senti-me um menino apavorado era mais forte que eu...
- Estava com medo?
- Estava...pensei que soubesse que eu era assim. Corri de volta pra fogueira, tentando superar minha humilhação, eu acho...
- Foi alguma coisa que eu disse?
- Foi. Você disse “então vá” com tanto desdém, sabe?
- Me desculpe.
- Tudo bem.
- E se você ficasse desta vez?
- Eu saí pela porta. Não sobrou nenhuma lembrança...
- Volte e faça uma despedida ao menos. Vamos fingir que tivemos uma...
- Adeus, Joel.
- Eu te amo... "

[BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS III]
"- Espere...
- O quê?
- Não sei, só espere... Quero que espere... Um pouco...
...
- Tá...
- Mesmo?
- Não sou um conceito, sou só uma garota ferrada procurando paz de espírito... Não sou perfeita...
- Não vejo nada que não goste em você...
- Mas verá!
- Agora eu não vejo!
- Eu vou ficar entediada e me sentir presa... Pois é isso que acontece comigo...
- Tudo bem..."

[BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS IV]
"Eu poderia morrer agora, estou tão feliz. Nunca senti isso antes. Estou exatamente onde queria estar."

[BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS V]
"Felizes são os esquecidos, pois eles tiram o melhor proveito dos seus equívocos"- Nietzsche

[BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS VI]
"O dia dos namorados foi inventado pelas indústrias de cartões para deixar as pessoas tristes."

[BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS VII]
"Feliz é o destino da inocente vestal!Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Toda prece é ouvida, toda graça se alcança." -Alexander Pope