quarta-feira, 9 de maio de 2012

Despindo Paredes

E então eu retirei todos os quadros,
Todas as fotos
Deixei de olhar lembranças
Mas elas ainda estavam lá,
Nas marcas de tempo que os quadros deixaram
Nos restos de cola, manchados na tinha.
Comecei a arrancar a tinta
Aquela que passamos horas pintando
E ali estavam todas as pinceladas,
Cruas.
Eu cheguei aos alicerces,
Vazios.
Nus.
Ao começo de tudo, onde nada é você.
E as paredes pareceram frágeis,
Prestes a despencar.
Mas se mantiveram lá,
Firmes.
E eu percebi que arrancar tudo aquilo,
Não me fez esquecer.
Fez lembrar.
E tirou das paredes o peso...
E livrou do excedente, a estrutura.
E agora  as paredes precisam sustentar apenas
As paredes.Si sobre si.
E fim.
Digo,
E começo!

[Eu não ia dizer... Mas percebe que as paredes sorriem?]