quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ana

 Inconscientemente cobria os olhos e, quando lhe perguntavam sobre as cores, dizia que só havia uma: escuridão.
 Aos poucos foi afastando os dedos que trazia sobre os olhos, e enxergou uma luz surgindo ao longe, as escalas de cinza no céu e a pureza branca das nuvens...
 Ela enxergava em preto e branco a tanto tempo, que quase não conseguiu ver as cores pastéis que timidamente surgiram quando finalmente libertou-se das amarras em que lhe prendiam...
 Um dia...
 Quando já havia se acostumado com as escalas de cinza e bege que iam surgindo, esbarrou numa palheta inteira de cores.
 A princípio cobriu os olhos novamente- as cores incomodavam o olhar acostumado a cor nenhuma- Mas a mesma intensidade que a assustava a atraía
 De repente já não se importava de lambuzar-se em cores de uma palheta alheia, que trazia um colorido, que ela jamais conseguiu imaginar no mundo antigo.
 E agora...
 O branco das nuvens que luziam no velho céu desbotado e sem cor, ganharam o contraste no azul de um novo olhar...

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