sexta-feira, 3 de maio de 2013

De cérebros e corações

Costumava não deixar nos pés o chão
O coração vivia sendo pisado, então...
Um dia, quando de repente disse: não
E substituiu pelo cérebro seu coração
Ninguém jamais lhe quis dar a mão!

sábado, 16 de março de 2013

Enquanto se fecham os olhos

Meu traveseiro conhece seu nome e a maneira como coça o queixo quando não consegue pensar no que dizer;
Meu travesseiro conhece sua voz e minha cama toda se abala quando o coração em disparos, dança a música que seu corpo faz;
Meu travesseiro conhece as cores das suas roupas e o arrepio que costuma me causar quando me toca o ombro por acidente;
Meu travesseiro conhece todas a palavras já ditas e o gosto das lágrimas doce-amargas que me permiti derramar;
Meu travesseiro conhece todas as palavras não ditas e a sensação de conforto que o cheiro da sua pele deixa na minha;
Meu travesseiro supõe um seu passado e transgride tantas regras da imaginação, invadindo terras que jamais foram minhas e talvez nem existam num mundo só seu;
Meu travesseiro moldou um seu beijo pros meus e um abraço dos seus... Quase me fazem sorrir;
Mas eu sempre abro os olhos...

De lágrimas no travesseiro

-Por que tantas lágrimas, menina tola?
-Ele se foi
-E por que tantas lágrimas?
-Não quero que ele vá.
- Vá atrás dele, ora!
-Já fui mais vezes do que posso contar
-Por que?
-Eu sempre acredito que ele é a pessoa certa
-Por que?
-A maneira como meu coração dispara...
-E o dele?
-O que?
-Dispara?
-Não sei... Acho que não... No fundo acho que ele não se importaria se eu fosse embora...
-E por que você fica?
-Gosto dele. E do jeito que meu coração dispara.
-Vá embora!
-Por que?
-Só vale a pena se ele quiser ficar...
-Mas ele quer. Eu sei que quer. Ele só não consegue assumir e...
-Pare de tentar entender e justificar o mundo, menina tola. Se ele quisesse... Ficava.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Do fim do Mundo

-Precisamos conversar
-Diga!
-Não quero mais.
-O que?
-Nós dois. Eu cansei, não consigo mais.
-Por que?
-E não sei amar. E não consigo explicar.
-Está bem... Pena.

-[...]

-E agora?
-O que?
-Já é 22/12
-E?
-O mundo acabou!
-Mas não acabou o mundo.
-O seu pode ser que não...

domingo, 12 de agosto de 2012

Diretamente do Lugar de Onde Vêm as Mudanças

 Estou escrevendo do Lugar de Onde Vêm as Mudanças!
  Foi difícil encontrar, mas fica depois da Montanha em que se Esconde a Saudade e antes da Caverna pra Onde Vão as Pessoas Esquecidas.
  As mudanças ficam todas aqui, esperando pra acontecer, ansiosas.
  Algumas vezes chegam antes da decisão estar completamente tomada e é preciso suportar um cara que vem lá da Metrópole Onde Moram as Coisas Que Não Devemos Fazer. Ele fica hospedado nas pessoas, lembrando sempre do que foi feito. O nome dele é Arrependimento e ele não anda sem seu irmão, a quem chamam de Se, que adora fazer acreditar que seria melhor se tudo fosse feito diferente.
  Outras vezes, as mudanças vão chegando aos poucos, acostumando-se ao espaço destinado a elas. Essas costumam ser as mais importantes.
  Aqui, é possível ver muitas mudanças: A Mudança Boa, a Mudança Ruim, a Mudança Adequada, a Mudança Sem Sentido, a Mudança Maluca, a Mudança Desnecessária...
  Mas há duas que mais se confundem: a Mudança por Si e a Mudança pelo Outro. E é fácil confundí-las porque quando muda-se para satisfazer o outro, a felicidade dele faz tão bem, que até parece que fez-se por si.
  E a confusão se dissipa quando, por um gracejo do Destino (que é outro cara complicado! Não aceita nada diferente do que ele planejou), a pessoa se afasta e percebe-se que aquela mudança, disfarçada de Mudança Boa, não passava de uma Mudança Desnecessária, às vezes até Mudança Ruim...
  E a mudança anda sempre de mãos dadas com um senhor muito inteligente a quem todo mundo atribui a cura. O nome dele é Tempo. Ele anda num ritmo próprio, alheio a todo o restante. É angustiante, mas estritamente necessário esperá-lo.
  O relógio dele não tem ponteiros...
  A verdade é que parece muito difícil encontrar e leva algum tempo, mas o Lugar de Onde Vêm as Mudanças fica tão perto, mas tão perto que, pra chegar lá, você não precisa se mover nenhum centímetro do corpo pra fora, mas precisa se mover quase todo do corpo pra dentro.

De Lua

E de repente as luzes parecem apagar a Lua.
Como se num segundo, a Lua perdesse a força, a luz e a cor...
Como se de repente, o caminho não precisasse ser guiado por ela!
As luzes apagaram a Lua!
E então?
O que acontece quando o Sol apagar as luzes?

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Da Paz

O que eu tenho de MEU é essa paz...
Mas é que...




Ela é tão SUA...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Despindo Paredes

E então eu retirei todos os quadros,
Todas as fotos
Deixei de olhar lembranças
Mas elas ainda estavam lá,
Nas marcas de tempo que os quadros deixaram
Nos restos de cola, manchados na tinha.
Comecei a arrancar a tinta
Aquela que passamos horas pintando
E ali estavam todas as pinceladas,
Cruas.
Eu cheguei aos alicerces,
Vazios.
Nus.
Ao começo de tudo, onde nada é você.
E as paredes pareceram frágeis,
Prestes a despencar.
Mas se mantiveram lá,
Firmes.
E eu percebi que arrancar tudo aquilo,
Não me fez esquecer.
Fez lembrar.
E tirou das paredes o peso...
E livrou do excedente, a estrutura.
E agora  as paredes precisam sustentar apenas
As paredes.Si sobre si.
E fim.
Digo,
E começo!

[Eu não ia dizer... Mas percebe que as paredes sorriem?]


segunda-feira, 26 de março de 2012

De nós e de laços

   Finalmente percebi que eu puxei demais a minha ponta do laço. 
Eu achava que se eu puxasse, tudo ficaria mais perto, mais forte. 
  Achava que toda a minha força estava em você.
Finalmente percebi que minha maior força sou eu e o que eu criei de você.
  Finalmente percebi que vivemos por tanto tempo em mundos distintos.
E eu achava que era um mundo só nosso.
  Eu achava que nosso conto de fadas jamais teria um fim.
Mas finalmente percebi que até o "felizes para sempre", não deixa de por FIM ao conto.
  Eu achava que laços podiam ser eternos.
Quando você puxou, eu fui...
Mas quando eu puxei a minha ponta, você preferiu ficar parado.
Vi que estávamos presos nas crenças, nos mundos, nos contos...
E eu finalmente percebi que quando vira um nó, já deixou de ser um laço.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Das cores


Eu deixei de comer
Eu deixei de pintar os olhos
Eu deixei de pintar as unhas
Eu deixei de enxergar as cores...
Mas sabe?
Quando eu deixei a cama, levantei e agi;
Eu deixei de colecionar lágrimas no travesseiro.


[E aos poucos as cores voltam, cê vai ver!]

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Da mente

 E dizem que nossos olhos não podem enxergar além do que está em volta de nossos corpos.
 E eu acredito que de fato não possam...
 Mas nossa mente
 Ah!
 Nossa mente...
 Ela é capaz de enxergar além dos mundos conhecidos e saber cada um dos próximos movimentos de cada um dos indivíduos desses mundo, inclusive os seus próprios.
 Em minha mente eu crio e recrio cada uma das conversas que tenho ou tive, e nelas eu digo as palavras que eu deveria ter dito e não fui capaz de pensar a tempo; tomo as atitudes que eu deveria ter tomado e meu corpo não permitiu; seguro cada uma das lágrimas que não conseguiram ficar presas e escaparam por entre os cílios.
 Em minha mente, eu posso prever cada um dos meus próximos passos, por onde cada um deles vai me levar e quais decisões eu tomaria perante cada uma das situações que surgiriam.
 E eu faço isso o tempo todo.
 Eu posso viver cada dimensão que existe!
 Parece incrível não parece?
 Mas quase sempre me esqueço de viver essa!

sábado, 8 de outubro de 2011

Do Amor

Quando se fecham os olhos e se beijam os lábios, todas as palavras não ditas parecem recém faladas...
Mas quando se fecham os lábios e se beijam os olhos, todas as palavras já ditas parecem desperdiçadas!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

-

Olá, Estranha...
Desde quando passou a utilizar esse olhos que não são seus e permitiu que as cores erradas migrassem para seu  peito?

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ao Inquilino Indesejado

Sorocaba, 12 de maio de 2011

      Ao Senhor Locatário

 Eu, locador do imóvel situado à Região Vesicular, logo abaixo da Última Costela à Direita, comunico minha intenção de retomar o imóvel, requerendo sua desocupação no prazo de 15 (quinze) dias; por motivos de não cumprimento contratual e perturbação da ordem, referindo frequentes reclamações de danos ao imóvel gerando dores lacinantes ao locador.

 Caso o inquilino não deixe o imóvel dentro do prazo estipulado, serão tomadas providências imediatas, contando com a colaboração de profissionais gabaritados para iniciar e efetivar a ação de despejo.

 Com a certeza de sua Colaboração


quarta-feira, 30 de março de 2011

Flávio Rodrigues

Se saudade fosse doença, eu que percebesse os sintomas no peito, tomando do cérebro a razão, me fazendo perder noites de sono e me desidratando em lágrimas
Se saudade fosse doença, eu que ficasse acamada por dias, deixando a febre ferver e o tempo curar...
Se saudade fosse doença, eu que procurasse um médico, especialista na dor, que me fizesse um receituário, e se não desse jeito, eu que procurasse outras formas de cura
Se saudade fosse doença e eu estivesse desenganada, eu que tivesse a coragem de morrer.

E quando os sintomas começam a aparecer, eu juro estar me sentindo febril, fico por algum tempo de cama e quase procuro um médico...
Mas espero.
Dizem que o tempo é a cura de todos os males, mas quanto mais o tempo passa, mais sintomas eu sinto...
De repente não consigo dormir quando a noite chega e as lágrimas me escapam na mesma proporção de tempo em que me embebedei...
E a única cura é você, você que me fere à distância...
E me fere a distância que não deixa te ouvir
Talvez eu preferisse o fim, estando agora, desenganada, prestes a dar o meu último suspiro com toda coragem de meu peito
E estaria...
Se saudade fosse doença...

domingo, 27 de março de 2011

Da diferença

Ele jamais entenderia o poder das palavras dela
Ela jamais perceberia que nunca foi isso que ele quis
Ele não conseguia se decidir
Ela tinha certeza de sua escolha
Ele a confundia com tantas outras
Ela não enxergava mais ninguém
Ele a olhava com carinho
Ela o olhava com paixão
Ele a beijava por prazer
Ela o beijava porque era o único gosto que queria em sua boca
Ele se despediria em breve
Ela sempre estaria com ele em pensamentos
Ele a esqueceria em horas
Ela o levaria a cada pulsar...

terça-feira, 22 de março de 2011

Entre Aspas XIX

[CLARICE LISPECTOR I]
"Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:E daí? EU ADORO VOAR!",

[CLARICE LISPECTOR II]
"Sonhe com aquilo que você quer ser,

porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas."

[CLARICE LISPECTOR III]
"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor. Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem. Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir."

[CLARICE LISPECTOR IV]
"É a vida? Mesmo assim ela me escaparia. Outro modo de captá-la seria viver. Mas o sonho é mais completo que a realidade, esta me afoga na inconsciência. O que importa afinal: viver ou saber que se está vivendo?"


[CLARICE LISPECTOR V]
"Fui embora, com o rosto corado de vergonha. De verogonha mesmo? Era inútil querer voltar aos pensamentos anteriores. Eu estava cheia de um sentimento de amor, gratidão, revolta e vergonha. Mas, como se costuma dizer, o sol parecia brilhar com mais força. Eu tivera a oportunidade de... E para isso fora necessário um menino magro e escuro... E para isso fora necessário que outros não lhe tivessem dado um doce.E as pessoas que tomavam sorvete? Agora, o que eu queria saber com autocrueldade era o seguinte: temera que os outros me vissem ou que os outros não me vissem? O fato é que, quando atravessei a rua, o que teria sido piedade já se estrangulara sob outros sentimentos. E, agora sozinha, meus pensamentos voltaram lentamente a ser os anteriores, só que inúteis."


[CLARICE LISPECTOR VI]
"Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.

Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos, já lisos, de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa."

Entre Aspas XVIII

[EFEITO BORBOLETA I]
“Algo tão pequeno como o vôo de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.”
 
[EFEITO BORBOLETA II]
“Se eu entender como funciona a memória de uma minhoca, isso me ajudaria a entender a complexidade do cérebro humano”.

[EFEITO BORBOLETA III]

"Adiantaria alguma coisa se eu te dissesse que ninguém no mundo pode amar tanto alguém como eu te amo?"

[EFEITO BORBOLETA IV]
"Eu so queria te dizer que um dia você já foi feliz... comigo!"

[EFEITO BORBOLETA V]
"-Já te perdi uma vez, não quer te perder denovo

-Você nunca me perdeu"

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Do caminho

-E então?
-O que?
-Pra onde vai agora?
-Não sei.
-Não sabe?
-Não
-Mas você precisa...
-Que você caminhe a meu lado!
-Não.
-Não?
-Você precisa saber pra onde vai
-Por que?
-Pra que ir se não sabe pra onde?
-Quando chegarmos, saberemos
-O que?
-Saberemos para onde estávamos indo
-Mas aí não estaremos mais indo, já teremos chegado
-Sim.
-Onde?
-Precisamos decidir agora?
-É claro.
-Não podemos simplesmente caminhar?
-Para onde?
-Nós saberemos
-Quando?
-Quando chegarmos lá
-E se não pudermos chegar juntos?
-Aí nós saberemos.
-O que?
-Que não estamos indo ao lugar certo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Xadrez

Às vezes, a rainha negra, acaba por encontrar-se envolvida em problemas de peças brancas, dos quais jamais imaginou participar...
Percebe que ela coloca seu próprio rei em xeque
E então corre para o lado oposto do tabuleiro, desejando ser uma torre branca, sem desvios pelo caminho.
Deseja encontrar alguma peça adversária que cesse seu pensar.
Que permita que ela simplesmente se deite ao lado do tabuleiro e não precise decidir o movimento seguinte.
Deseja não ter tido tantas opções de movimentos
Deseja não ter movimento nenhum.
Ela vê o preto no branco, apenas enxerga um cinza gritante
E simplesmente já não consegue mover
Agora está nas mãos da rainha
Ela percebe: É matar, ou morrer

[CONTINUA...ATÉ QUE ALGUÉM DECLARE XEQUE e  MATE]