segunda-feira, 14 de junho de 2010

Da vida I

Vocês costumavam ser inseparáveis, se viam todos os dias no colégio e depois passavam a tarde juntos.
Aos finais de semana se encontravam na tarde de sábado e depois dormiam um na casa do outro, às vezes até iam juntos para a escola na segunda de manhã.
Quando conversavam, o assunto jamais se esgotava e vocês riam o tempo, de tudo e todos.
Vocês tinham tantas piadas internas, que conversar com vocês era quase como tentar decifrar um código secreto, ou aprender uma língua estrangeira.
O tempo passou e, por alguma falha no percurso, vocês se distanciaram um pouco. Seja por aquele aluno novo e perdido que apareceu na escola e você resolveu tentar enturmar, seja por um novo amor, seja porque vocês acabaram em salas diferentes ou porque a escola acabou e agora cada um tem uma nova vida alheia a tudo de igual que vocês tinham antes...
Seus encontros foram ficando mais raros, e agora os silêncios que incomodam foram preenchendo os espaços que antes não precisavam de preenchimento.
Sua vida agora está amontoada de novas coisas, novas pessoas e você diz não ter tempo pros velhos amigos, mas tempo é questão de prioridade.
E um dia, sem querer, você vê aquela pessoa que te acompanhou por tanto tempo e te fez dar tantas risadas sinceras, te fez derramar tantas lágrimas quando te disse verdades e enxugou tantas outras quando não pôde as impedir de cair, e então você se aproxima dela com o seu melhor sorriso, a chama pelo nome e a abraça.
E ela te abraça também. De uma maneira superficialmente íntima
Vocês se perguntam sobre familiares esquecidos há tempos, comentam sobre esse tempo louco e as correrias das vidas, trocam novos telefones, prometem marcar encontros que nunca ocorrerão e depois de dez minutos você a abraça como se nunca mais fosse vê-la, e talvez nunca mais veja mesmo.
Vocês seguem para lados opostos, voltando às suas preocupações, amigos e vida novos...
Mas a sua cabeça ainda está naquele seu passado, naquela sua antiga vida e agora você entende o que seus pais queriam dizer quando falavam que "amigos vão sem se despedir"
(...)

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