domingo, 30 de maio de 2010

Dedicado à Thailini

 Ela corria.
 Corria como se o mundo fosse acabar nos próximos segundos
 As flores miravam o brilho estranho em seu olhar
 Uma lágrima caiu e lambeu uma rosa.
 Ela parou.
 Olhou aquela gota solitária escorrendo pela pétala amarela
 Sentiu que vinha brotando outra lágrima e retornou à sua corrida desabalada.
 Quando chegou à escada que beirava aquela porta velha, desgastada e corroída pelo tempo deixou que as lágrimas escorressem fartas
 Observava as gotas caírem no chão empoeirado à sua frente
 Chorou por horas
 Quando finalmente conseguiu parar,respirou fundo
 Começou a observar a velha porta, com a tinta arranhada e descascada
 Passou os dedos pelas ranhuras
 Havia alguns buracos e seus dedos se demoravam mais neles
 Ela observava com atenção cada pedacinho da velha porta
 Já haviam se passado 10 anos desde a última vez que a vira
 Seus olhos ainda vasculhavam a madeira à sua frente
 -pausa-
 Ela encontrou o que procurava
 Com a pontinha dos dedos ela puxou um pequeno papel de um dos buraquinhos e o abriu
 Puxou um lápis de madeira dos cabelos, fazendo algumas mechas lhe esconderem o rosto
 Escreveu
 Um número: Mil quinhentos e vinte e oito
 Quando levantou os olhos para a porta, deixou que uma última e única lágrima caisse sobre o papelzinho já dobrado
 Então, ela o desdobrou novamente e, embaixo daquele nome masculino, riscou o número que acabara de escrever e o substituiu:


 -1529-

Nenhum comentário:

Postar um comentário