Ela corria.
Corria como se o mundo fosse acabar nos próximos segundos
As flores miravam o brilho estranho em seu olhar
Uma lágrima caiu e lambeu uma rosa.
Ela parou.
Olhou aquela gota solitária escorrendo pela pétala amarela
Sentiu que vinha brotando outra lágrima e retornou à sua corrida desabalada.
Quando chegou à escada que beirava aquela porta velha, desgastada e corroída pelo tempo deixou que as lágrimas escorressem fartas
Observava as gotas caírem no chão empoeirado à sua frente
Chorou por horas
Quando finalmente conseguiu parar,respirou fundo
Começou a observar a velha porta, com a tinta arranhada e descascada
Passou os dedos pelas ranhuras
Havia alguns buracos e seus dedos se demoravam mais neles
Ela observava com atenção cada pedacinho da velha porta
Já haviam se passado 10 anos desde a última vez que a vira
Seus olhos ainda vasculhavam a madeira à sua frente
-pausa-
Ela encontrou o que procurava
Com a pontinha dos dedos ela puxou um pequeno papel de um dos buraquinhos e o abriu
Puxou um lápis de madeira dos cabelos, fazendo algumas mechas lhe esconderem o rosto
Escreveu
Um número: Mil quinhentos e vinte e oito
Quando levantou os olhos para a porta, deixou que uma última e única lágrima caisse sobre o papelzinho já dobrado
Então, ela o desdobrou novamente e, embaixo daquele nome masculino, riscou o número que acabara de escrever e o substituiu:
-1529-
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